Recordando alguns cancros que corroem a República
Depois da normalidade democrática, estabelecida com as primeiras eleições livres em 25 de abril de 1975, na vigência da atual Constituição da República, os casos mais graves, foram o terrorismo, a corrupção e a intriga política, crimes cuja falta de punição tem minado as instituições e levado à desconfiança cívica.
Quanto ao terrorismo, foram condenadas – e bem – as FP25A, tendo ficado impunes todos os crimes da extrema-direita, do MDLP, do ELP, do movimento separatista da Madeira e, com algumas dúvidas quanto à origem criminosa, a explosão do avião em que morreram Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa e os seus acompanhantes.
Na corrupção, de que há a convicção de conhecermos apenas uma pequeníssima parte, tivemos os casos da Universidade Moderna, da SL/BPN, fabulosas fortunas sem causa, o processo Portucale e a compra dos submarinos (um para subir e outro para descer) por um ministro que tem especial predileção por veículos topo de gama.
Não sendo este último o mais grave, é o mais atual e mediático devido ao alegado desaparecimento dos documentos e por se saber que na Alemanha foram punidos os corruptores, sem se procurarem os corrompidos em Portugal. As luvas da venda dos submarinos alemães levaram à prisão do ministro da Defesa… na Grécia.
Sabendo-se que Paulo Portas saiu do ministério da Defesa trazendo cerca de 61.000 fotocópias, uma prática sem precedentes conhecidos, não será difícil localizar, num acervo tão vasto e valioso, tudo o que diga respeito ao dossier em que o Governo foi efetivamente lesado.
Quanto à intriga política, basta recordar os processos que nascem através de cartas anónimas, adrede combinadas, para perseguir adversários, os escândalos do destino das informações produzidas nas polícias secretas e o clamoroso caso das escutas de Belém.
Os exóticos sindicatos das magistraturas são um cancro que urge erradicar. Não se pode consentir a interferência de ativistas políticos acoitados em sindicatos que influenciem o jogo democrático e minem o prestígio do único poder não escrutinado cuja autonomia é essencial para a preservação da democracia.
A defesa da República e da democracia é uma tarefa dos democratas republicanos.
Ponte Europa / Sorumbático
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