GRÉCIA: cimeira Berlim/Paris e o ‘vazio’ português…

Durante a campanha eleitoral para as eleições presidenciais francesas o então candidato François Hollande criticou a liderança de Angela Merkel, tendo então afirmado no canal televisivo France 2 que a chanceler ‘não pode decidir em nome de todos os europeus’. Adiantou ainda: ‘Se a UE não é capaz de tomar decisões, não deve ratificá-las’… link

Muitos cidadãos europeus entenderam esta mensagem como sendo um travão à incomodativa hegemonia alemão no processo de ‘construção’ europeia e a tentativa de recolocação das instituições da UE (Comissão Europeia, Conselho Europeu, Ecofin, etc.) no centro das decisões sobre o futuro da Europa e, obviamente, na procura de respostas à crise que fustiga toda a Europa, com especial acuidade na Zona Euro.
A derrota de Sarkozy mal digerida pela Direita ultra-conservadora e populista (neoliberal) europeia que vem mexendo os cordelinhos através do PPE, tratou – uma vez consumado o desaire eleitoral em França – de ‘diminuir’ (pessoalmente) Hollande considerando-o um político frouxo (um presidente ‘normal’) ao mesmo tempo que, no ‘day after’, o convida a deslocar-se a Berlim com o intuito de paulatinamente ‘reactivar’ o eixo Berlim-Paris link.

Daí para cá o 'ambiente político europeu' tem mantido uma relativa acalmia pelo menos no confronto entre Hollande e Merkel. Se alguma agitação foi introduzida ela partiu de Mario Monti (exercendo funções como 1º. Ministro italiano) que alertou para o risco de um “confronto entre Norte e Sul…link, fruto de ‘nacionalismos’ exacerbados que vêm ganhando terreno nos países da UE e do dissoluto ‘clima psicológico’ que se instalou sobre o futuro do Euro.

A Grécia que passou por um longo período de instabilidade política [resultante da queda do Governo de Papandreau] do qual ‘resultou’ o actual Governo de Samaras, a que se soma uma grave tensão (crispação e violência) social, tornou-se um foco de discórdia entra os parceiros europeus, nomeadamente, no empolamento da ‘fractura’ Norte/Sul. Posições como as manifestadas por alguns políticos ‘afectos’ ao governo alemão relativos à inevitável ‘saída’ da Grécia da zona Euro [ link; link; …] posicionam-se em nítido contraste com a postura da presidência francesa [link; link;…].

Do encontro de hoje, em Berlim, entre Angela Merkel e François Hollande não deverá sair nenhuma decisão formal sobre a Grécia, para além das esperadas e previsíveis (no contexto político actual) declarações sobre a importância de manter a ‘integridade da Zona Euro’...

De qualquer modo, o que se está a passar na Europa não consegue mexer, nem interessar o Governo português. Em Lisboa, as preocupações giram à volta de uma nova avaliação da troika e da necessidade de continuarmos a ser um ‘bom aluno’. Sobre a Grécia pouco mais se ouve para além do estafado slogan: ‘nós não somos a Grécia!’.
Nunca a Europa esteve tão distante de Portugal. E nunca a política externa portuguesa, relativa à Europa, foi tão confrangedoramente ‘vazia’…

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