Cavaco Silva (CS) piou na Universidade de Verão do PSD
Cavaco Silva regressou à docência, não necessariamente à decência, para dar uma aula na madraça partidária, apodada de Universidade de Verão do PSD.
Com o saber de experiência feito e a amnésia de quem contribuiu para a degradação que referiu, criticou a Comunicação Social autóctone pelas notícias falsas: “Fake news políticas também existem em Portugal e não só na América do senhor Trump”.
Lembrou-se certamente das mentiras forjadas na sua Casa Civil, quando Fernando Lima levava a uma pastelaria da Av. de Roma, a José Manuel Fernandes, a intriga das escutas contra o então PM, para as colocar no Público, onde essa referência ética do jornalismo e da política era diretor.
Foi, pois, na qualidade de especialista que CS afirmou que “Os objetivos de quem as fabrica são claros: influenciar a opinião pública a seu favor ou a favor do seu grupo, ou denegrir a imagem dos seus adversários. Quanto à razão de quem aceita publicá-las, há duas hipóteses: ingenuamente acreditarem que são verdadeiras, ou então aceitam publicá-las para servir ou para agradar os seus fabricantes”, disse o ex-PR, que preferiu sempre os cúmplices aos ingénuos.
Depois entrou em diatribes contra a esquerda, qualquer esquerda, num frenesim de ódio e ressentimento, que ainda o empolgava quando afirmou que na zona euro “a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia” e que “tem uma tal força contra a retórica dos que, no governo, querem realizar a revolução socialista, que eles acabam por perder o pio ou fingem apenas que piam, mas são pios que não têm qualquer realidade e refletem meras jogadas partidárias”.
E, numa alusão direta ao Governo português, que abomina, depois de regougar contra qualquer forma de preocupação social, que designou por socialismo, piou desta forma: "Aqueles que ainda piam, fingem que piam, mas não atribuam a esses pios qualquer credibilidade porque não são mais do que jogadas partidárias", concluiu.
No último voo da velha ave, foi na Universidade de Verão do PSD que lhe aplaudiram os últimos pios.
Comentários
Este mais um piedoso pio em favor de um celerado 'pragmatismo' de que a Direita se julga a legítima e exclusiva proprietária.
O pragmatismo (aparentemente despido de ideologia) pode até não colar com a realidade mas continua a ser uma afirmação em prol do 'status quo' e um instrumento para promover as ideologias neoliberais.
E lá estão as ideologias a modelar a realidade, ou melhor, as múltiplas realidades...