A magia informática e a bruxaria

Outrora, a bruxaria era apanágio feminino e alimentava fogueiras e medos coletivos. Aproveitava a calada da noite para os conciliábulos e a vassoura para transporte até às encruzilhadas dos caminhos onde desembocavam fantasmas e se rogavam pragas. Era aí que a tradição judaico-cristã domiciliava a origem das desgraças que semeavam o pânico na populaça e a loucura nos inquisidores.

Hoje, os feiticeiros têm o nome impresso à entrada dos gabinetes que acendem as luzes à sua chegada, ar condicionado que evita aos sovacos o odor e às pituitárias a náusea, computadores onde escondem o saco dos sortilégios.

Circulam sem cerimónia no Windows, deslocam-se em confortáveis automóveis que deixam aprisionar no inferno do trânsito. Vivem num mundo de luzinhas, textos esotéricos que refletem a cabala matemática em sequências de 0 e 1, linguagem binária, inacessível a profanos, que estarrece os basbaques. Foi-se o pacto com o demónio.

Os atuais feiticeiros são magos em permanentes e estonteantes viagens à conquista do espaço virtual.

Que sorte para toda esta gente terem morrido Jaime I e Inocêncio VIII. O primeiro, em Inglaterra, mandava pagar prémios em dinheiro aos denunciantes de suspeitos de bruxaria e o segundo encarregou os inquisidores de descobrir e eliminar bruxas, uma incumbência que desempenharam a preceito.

Comentários

Dulce Oliveira disse…
É sobretudo um negócio e dos bons com muita freguesia

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