A menina Efigénia Fagundes – Metáfora sanitária
Efigénia Fagundes era a última dos 7 irmãos, ainda conhecida por ‘menina’, depois dos 70 anos, pelo celibato e castidade. Gabava-se de ser a mais parecida com o pai, teimosa e determinada.
Ainda há dias, discutia acaloradamente com um primo que não
saía à rua sem máscara, a azucriná-lo pelo seguidismo em relação às
recomendações da ministra e da diretora-geral da Saúde, pessoas que detestava
com a mesma sanha dos bastonários do sector.
O primo argumentava que era obrigação do próprio, e para com
os outros, a norma que, neste período de pandemia, reduzia as cadeias de transmissão
do vírus e os riscos de contágio.
Pois sim, “a mim ninguém me obriga a usar máscara, nem em
locais fechados, sempre houve gripes e vai continuar a haver, a ministra e a
diretora-geral não mandam em mim”, dizia a menina Fagundes ao primo enquanto o
acusava de medricas.
Farto da prima e da descompostura, não resistiu a lembrar à
7.ª cria do sr. Fagundes e da D. Gertrudes, seus tios, o motivo por que ela nascera:
- Tu és cética como o teu pai – e ela sorria de orgulho –, tu
não acreditas na máscara, tal como ele não acreditava no preservativo. Agora quem te atura, sou eu.
Comentários