O principezinho e a coroa (metáfora política)

Havia um príncipe, acossado por vassalos rebeldes, desejosos do regresso do anterior ou de um equivalente, mais reacionário e incapaz, com a coroa em risco por não conseguir a derrota dos republicanos ainda no poder.

Surgiu no principado a possibilidade aritmética de o príncipe remover o republicano que    levava dois mandatos num arquipélago da coroa, e precisava da conivência de marginais para o afastar, embora com nojo generalizado do principado aos sequazes do batráquio.

Entre o poder e a honra, foi mais forte o primeiro, e o príncipe beijou o sapo a pensar na princesa em que o transformava, branqueando-lhe a viscosidade e integrando a peçonha, agora no arquipélago e, no futuro, talvez em todo o principado. Chegou-lhe uma cobra onde quis ver a princesa, e o que mais custa é o primeiro beijo.

O príncipe, que continua odiado pelos súbditos, agora também pelos que o estimavam e lhe garantiam o apoio, perdida a honra, desatou a inventar desculpas.

Diz que a cobra, “se se moderar”, pode integrar o jardim zoológico de um governo seu. Basta, talvez, deixar de planear destruir o regime e rasgar a Constituição, bastando-lhe talvez discutir o regresso da de 1933; que ao regresso da pena de morte condescenda na moratória; que à expulsão dos ciganos se limite a guardá-los em reservas e que os seus sicários, que defendem a remoção dos ovários das mulheres que abortem, se conformem com a laqueação de trompas.        

Chega à cobra moderar-se, e ao principezinho que fez um acordo secreto, alimentá-lo.

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