Notas Soltas – novembro/2020
Terrorismo – Depois de Paris e de Nice, este mês começou com um ataque do fascismo islâmico em Viena. A metódica e persistente ameaça à democracia, à civilização e à paz tem de ser contida. A herança iluminista da Revolução Francesa está em perigo.
Turquia – Erdogan sonha com um novo império otomano, e não é alheio à mobilização muçulmana contra o Ocidente, em busca da liderança global do islamismo. O ISIS não precisa de novo Estado, tem o do Irmão Muçulmano, em colisão com a Europa e a Nato.
EUA – O ato eleitoral pareceu a produção de um filme de terror, série B, cujo guião foi sendo escrito pelos atores, com a distribuição assegurada, em direto, à escala planetária. Não enobreceu a maior potência mundial nem constituiu um exemplo democrático.
EUA_2 – Trump não foi o primeiro presidente indesejável, mas será o único a sair sem dignidade e à força. As eleições não derrotaram apenas o PR em exercício, esvaziaram um furúnculo que infetava a Casa Branca e contaminava o mundo.
Amazónia – A desflorestação sem precedentes, mais de dez mil km2 de floresta nativa perdida, só no primeiro ano de Bolsonaro na Presidência, é a prova da insensibilidade e da cumplicidade do PR na destruição da maior floresta virgem do Planeta.
Covid-19 – A Humanidade mostrou a sua fragilidade. Falharam os melhores serviços de saúde, os países mais ricos e os hospitais mais bem apetrechados. Na iminência de uma vacina, rápida e eficaz, espera-se que os países tenham aprendido a ser solidários.
Bolívia – O júbilo pelo regresso do ex-presidente, Evo Morales, após quase um ano de exílio forçado, provou a popularidade de que ainda goza e o desprezo pelos golpistas de direita e extrema-direita que o afastaram.
Violência doméstica – O assassinato de 111 mulheres por companheiros, em seis anos, 16% dos homicídios em Portugal e 87% das 128 mortes neste contexto, são o drama de uma violência que persiste, onde é predominante a natureza masculina dos crimes.
Açores – O governo do PSD é legítimo, mas a normalização de um partido fascista, que defende a mutilação sexual e a pena de morte, e desafia a legalidade constitucional, terá consequências no partido responsável pela decisão e pelo acordo secreto que assinou.
Moçambique – É urgente pôr termo à tragédia e crueldade do terrorismo islâmico, com dezenas de decapitações, sequestro de mulheres, pilhagens e incêndio de aldeias. Falta a solidariedade internacional a um povo indefeso e pobre, contra a invasão muçulmana.
Gonçalo Ribeiro Telles – A morte do arquiteto paisagista, 98 anos, levou um pensador da vida urbana. Lisboa deve ao vereador do PPM o embargo das “Torres sobre o Tejo”, projeto megalómano de Krus Abecassis, que impediria a aproximação da cidade ao rio.
Vacinas – Há resultados auspiciosos nesta corrida ao combate da pandemia que fustiga a Humanidade, uma tragédia sem precedentes, mas a normalidade das nossas vidas vai demorar e as relações humanas sofreram um abalo sísmico difícil de reverter.
Ministério da Saúde – Na luta partidária, sob o medo da pandemia, é tentador atacar a ministra e a diretora-geral, mas é uma enorme injustiça denegrir quem sofre um degaste permanente na exposição mediática, com generosidade, competência e determinação.
Polónia e Hungria – O veto dos dois governos ao plano de recuperação da UE e quadro financeiro plurianual deveu-se à exigência de se comportarem como Estados de direito democrático. O veto, danoso para toda a UE, mostra a obstinação da extrema-direita.
S. João Paulo II – A recusa da aceitação das acusações e o encobrimento dos crimes de pedofilia e abuso sexual de adultos do ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick, entre outros, vieram mostrar a imprudência da sua canonização apressada.
Brexit – A decisão que tanto prejudicou o Reino Unido e a UE continua a ser uma fonte de perturbação para as duas partes, ambas mais fragilizadas, e com dificuldade acrescida para o imprescindível entendimento político, económico e comercial.
Aquecimento Global – Podem os negacionistas continuar a propaganda nociva, já não podem negar a influência na maior frequência e intensidade dos furacões que flagelam a Nicarágua, Honduras, Guatemala e outros países, cada vez mais velozes e destruidores.
Pena de morte – Esta prática anacrónica, desumana e violenta, foi condenada pelo Papa Francisco e a sua abolição nos EUA conta agora com o desejo expresso de Joe Biden. É uma notícia auspiciosa na torrente de desgraças que atormentam o mundo.
Escócia – As ondas de choque do Brexit continuam a fazer sentir-se no Reino Unido. A pulsão nacionalista escocesa cresce e ameaça a secessão. A alteração de fronteiras não é benéfica para qualquer das partes e é um péssimo exemplo para vários países da UE.
OE-2021 – A corrida para ver quem conseguia aumentar mais a despesa do Estado, no país arruinado pela pandemia, foi o exemplo partidário que se há de virar contra os mais reivindicativos e indiferentes às exigências de uma situação sem precedentes.
Novo Banco – A herança da Dr.ª Maria Luís uniu todas as bancadas contra o Governo, garantindo o PSD que, em sede do Orçamento retificativo, facultará a transferência, um imperativo de Estado. Foi gratuita a chantagem de Rui Rio, sem sentido de Estado.
Vacinas COVID-19 – A decisão sobre a fixação de
prioridades exige critérios técnicos, reservados a especialistas de saúde. A ingerência
do PR, Governo ou AR será abusiva. É preciso resistir à chantagem que o medo e
a tentação da popularidade propiciam.
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