Donald Trump – A remoção de um aldrabão contumaz

Derrotado com mais 7 milhões de votos do que aqueles com que venceu as eleições em 2016, numa prova insofismável de que os EUA estão doentes, talvez a prenunciar o fim da hegemonia global, recordo com gosto o texto que escrevi, no dia de hoje, há 4 anos. 

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«Hillary e Trump – As eleições americanas e o desvario coletivo

A nação mais poderosa do mundo serviu-nos o mais deprimente espetáculo, próprio do país capaz do melhor e do pior. De um lado, Wall Street; do outro, a Disneylândia. O medo de Hillary e o terror de Trump decidiram o voto. Entre o aldrabão imprevisível e a competente agente do capital financeiro, a América preferiu o cancro à SIDA.

O Mundo dividiu-se em quatro categorias, acompanhando os eleitores autóctones: – os indiferentes; os que gostariam que perdessem os dois; os que queriam a vitória de Hillary, para derrotar Trump; os que apoiaram Trump, para destruir Hillary. Sabe-se o que sucedeu.

Os Democratas apoiaram a mais bem preparada para defender os interesses dos americanos e os Republicanos o mais capaz de fazer mal ao mundo. Incapazes de suportar uma mulher, depois de um negro, durante 8 anos, entraram em desespero e defenderam o pior.

Entre uma cínica inteligentíssima e o rancoroso indigente mental, os Republicanos esqueceram Lincoln e entregaram-se a um aldrabão mitómano, insolente, reles e perigoso.

A América profunda, que defende o direito ao analfabetismo e ao porte de armas, teve nas divergências internas da CIA um aliado. A América racista, xenófoba, isolacionista e patriarcal, a versão grotesca do mundo do Antigo Testamento, encontrou no robô que soube fugir aos impostos e ganhar dinheiro, o seu modelo. A América sofisticada, culta e cosmopolita, perdeu.

Os que não têm cabeça votaram em Trump, com o coração; os que não têm coração votaram em Hillary, com a cabeça. A cabeça é um adorno de cada vez menos gente.

O Pentágono, como sempre, vai decidir a política externa. Sentir-se-ia mais seguro com a previsibilidade de Hillary do que com a bipolaridade de Trump, mas as eleições são o que são.

O FBI já não precisa de fazer a Hillary o que o Brasil fez a Dilma. Em países onde Deus fez o mundo em seis dias e ao sétimo descansou, não há dias de descanso para uma Eva.

Finalmente, triunfaram os que não têm cabeça. A América preferiu o aldrabão. O mundo ficou mais perigoso, à mercê de Trump. Tudo o que podia correr mal, correu ainda pior.

É a vida. Talvez a morte. Ou o Apocalipse pedido nas orações dos evangélicos.»

Nestas últimas eleições mantiveram-se os neurónios dos eleitores, poucos, aliás, mas a taquicardia aumentou e foram em maior número os que temeram o louco, à solta, quatro anos mais. 


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