EUA – Eleições presidenciais – o princípio do fim de Trump
É preciso cinismo e hipocrisia para mostrar indiferença face os resultados eleitorais dos EUA e inconsciência para ser indiferente perante o derrotado da eleição mais importante para o Mundo.
A eleição presidencial americana tem uma relevância ímpar,
não apenas por se tratar do país mais poderoso, talvez no seu estertor, o que
não augura melhor sorte, porque o PR é simultaneamente chefe de Estado, do
Governo, das Forças Armadas e proponente dos juízes vitalícios, sem limite de idade,
para vagas do Supremo Tribunal.
Não há paralelo, em democracia, de tamanha concentração de
poderes, com a relevância de se tratar da mais poderosa potência militar,
económica e financeira do Planeta.
Acabada de ser anunciada a vitória de Joe Biden na
Pensilvânia, garantindo a derrota de Trump, não é motivo de regozijo. É verdade
que o País votou contra Trump, não é certo que tenha votado a favor de Biden.
A democracia americana sai desprestigiada destas eleições,
com um sistema anacrónico de contagem de votos, a possibilidade de
conflitualidade judicial num sistema que devia ser transparente e a litigância
de má fé de Trump a poder transformar ainda uma derrota numa guerra que foi
evitada pela sensatez dos concorrentes de eleições anteriores.
Biden terá a vida difícil, com a crispação do eleitorado, a
preponderância do Senado, de maioria Republicana, e a hostilidade do Supremo
Tribunal onde a última juíza, nomeada e empossada em campanha eleitoral, num
ato prepotente sem precedentes, é a metáfora da insanidade num órgão cuja
independência é fictícia.
O facto de Trump, delinquente fiscal, mitómano, xenófobo e
imprevisível, com traços narcisistas e de um exibicionismo atroz, se ter
aproximado de ser reeleito deixa o maior incómodo no mundo, perplexo sobre o
povo que elegeu tal PR e quase o reelegeu.
É sintomático que os média anunciem a evolução da contagem
dos votos como um jogo em que o candidato X está a conseguir inverter a
vantagem, como se dependesse dele e não dos votos expressos. Até neste pormenor
de linguagem paira a desconfiança-
Como nota positiva destas lamentáveis eleições em que um
louco esteve, ou está, sabe-se lá, em vias de ser reconduzido, fica como nota
positiva da democracia a liberdade de imprensa, com três cadeias de TV a suspenderem,
em direto, o PR com um argumento poderoso, ele estava a mentir.
Há ainda uma outra nota positiva a referir. A derrota de Trump, seja qual for a evolução dos acontecimentos até à tomada de posse do novo PR, é um contratempo contra a feroz arrogância dos populistas de todo o mundo, que viam no desmiolado PR americano a sua referência e fonte de inspiração.
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