Cavaco e a entrevista ao Observador
No intervalo de 48 horas apareceram no espaço mediático dois catedráticos que estavam em hibernação, um a reger a cátedra por convite e outro a acumular pensões e a ruminar vinganças no convento preparado para satisfazer os desejos e os direitos de ex-PR.
De Passos Coelho ficou a desolação de verem careca e gordo a
quem viveu da imagem e da gestão da Tecnoforma, a primeira que lhe rendeu votos
e a segunda que o alcandorou à cátedra de gestão. Fica para outra altura a
autópsia do cadáver político do ex-PM.
É da entrevista de Cavaco que este texto devia falar, da
publicação do seu 24.º livro, um número que ombreia com os mais fecundos
escritores da literatura mundial, caso raro de um fértil escritor que excede na
publicação de livros o número dos que leu, mas quando o tema é a política,
atividade que detesta, é loquaz nas palavras e pobre nos conceitos.
Enquanto destilou veneno era apenas a opinião de um
salazarista que tinha tal horror ao Tribunal Constitucional que preferia
submeter os OE ao parecer de Oliveira e Costa, a quem tanto ficou a dever, do
que à apreciação da constitucionalidade pelo TC.
Foi com enlevo que proclamou a sua simpatia pelo novo
governo açoriano apoiado pelo partido fascista, esquecido do ódio ao governo de
António Costa com apoio do BE, PCP e PEV, alegria aumentada por ser no
arquipélago onde as vacas lhe sorriram quando já não era suportado por mais de
60% dos portugueses. Nota-se, na entrevista, o rancor e a inveja da
inteligência, cultura e simpatia do seu sucessor, que o corrói.
A memória nunca foi o forte de quem esqueceu o notariado
onde escriturou a vivenda Gaivota Azul, foi preciso a Visão lembrá-lo, memória
só guardada para conversas com um PM por quem nutre um ódio de estimação, e de
que não há registo.
Quem se resignar a ver e ouvir, durante uma hora, o assumido
herdeiro ideológico de Sá Carneiro e autodesignado ideólogo da ‘social-democracia
moderna’, para verificar que não faz a mínima ideia do que é a social
democracia ou o marxismo, aqui fica a ligação:
https://www.youtube.com/watch?v=tfr_lAfjfyE&ab_channel=Observador
A indigência cultural do velho salazarista contrasta com o
vigor no ódio aos partidos à esquerda do PSD. O melhor é vê-lo e ouvi-lo.
Este homem, que conflitua com a gramática, consegue ser
melhor a falar e a escrever do que a pensar. Cavaco é uma fonte de equívocos,
com os políticos a julgarem que era um grande economista e os economistas a
pensarem que era um exímio político, sendo os economistas os que mais se
aproximaram da verdade.
Do homem de quem o Sr. Teodoro das Bombas disse, embevecido com o filho PM, que era outro Salazar, compreendia-se a vaidade do pai, mas o semanário Independente foi mais certeiro a estabelecer as diferenças, num português imaculado:
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