Laicidade_2
A laicidade e a Universidade de Coimbra
Há 115 anos (6-12-1905) foi aprovada a separação da Igreja e
do Estado pelo Senado francês em resposta às críticas do Papa Pio X, e um
exemplo que serviu de modelo à Lei da Separação do Estado das Igrejas, de 20 de
abril de 1911 da República Portuguesa.
Foi um avanço civilizacional que as próprias religiões
defendem, se minoritárias, e condenam quando são maioritárias. A laicidade é,
aliás, uma referência democrática da atual CRP portuguesa, comum a numerosas
constituições de países democráticos.
A Universidade de Coimbra, depois da jubilação do Prof. Rui
Alarcão, regressou aos hábitos pios da ditadura, com os recentes Reitores, ainda
alcunhados de Magníficos, que à decência democrática preferem a salvação da alma
à custa do cargo que exercem.
Quando o reitor da Universidade decide convidar os
professores, funcionários e alunos para a missa, abdica de ser uma autoridade
académica e torna-se o ‘muezim’ incumbido de anunciar o momento da oração.
Há catedráticos que nunca se resignaram à recente deriva
beata. Amadeu Homem, Luís Reis Torgal e Vital Moreira, entre outros,
destacam-se pelo seu inconformismo, numa atitude cívica que repudia a
transformação do Reitor de uma Universidade pública em sacristão de uma escola
confessional.
Comentários
Tal como o reitor da UC, também Paulo de Macedo, quando chefiava a Autoridade Tributaria, emitiu uma nota de serviço a "convidar" todos os funcionários a assistirem a uma missa na Sé de Lisboa!
E muitas almas pias deste país à beira-mar plantado não se sentiram indignadas!
Digamos que já não há pachorra para tantos atropelos à Constituição.
A Associação Ateísta Portuguesa, de que eu era presidente, protestou contra o abuso do então diretor-geral das Finanças. Foi uma vergonha e um ultraje à laicidade, mas o Opus Dei não desiste, tal como os jihadistas de converter o mundo à religião de cada um deles.