Associação Sindical de Juízes (ASJ) e Manuel Ramos Soares, azougado sindicalista
Não é o venerando desembargador homónimo que certamente se
pronuncia sobre o que deve fazer o poder legislativo, é o sindicalista travesso,
ébrio de mediatismo, que deseja condicionar a produção legislativa.
O sindicalista ingere-se na esfera privada dos cidadãos e
quer devassar as associações a que aderem, maçonaria, opus dei, da esfera espiritual
ou cívica. Diz como criminalizar o enriquecimento ilícito: «para os juízes, não
chega que os políticos declarem a aquisição de património; também devem
justificar como o fizeram» (Público, 21/3/2021). Inverte o ónus da prova ou
considera que “a propriedade é um roubo”? (Proudhon).
Manuel Soares, presidente da ASJ, é reincidente. Não resistiu
a juntar-se aos ataques ao Governo no termo do mandato do presidente do
Tribunal de Contas. Foi uma deplorável ingerência política e um ataque à
decisão do PR e PM, que tinham acordado mandatos únicos.
No Público, 4-11-2020 (Pg. 9), onde tem colaboração
permanente, o sindicalista voltou a atacar o PR e o Governo. No 2.º §, embora em
linguagem mais esmerada do que a do seu homólogo do extinto sindicato de
condutores de matérias primas perigosas, afirmou: «Os últimos tempos têm sido
marcados por sinais de desacerto do Governo na conceção e comunicação das
medidas, por hesitações do Presidente da República e pelo agravamento de
desconfiança e impaciência das pessoas.»
Não se pode acusar o sr. Manuel Soares de ‘hesitações’ a
denunciar os desacertos do Governo ou as alegadas hesitações do PR.
Inadmissível é o facto de o sindicalista, que se indignaria se o PR ou o PM se
referissem a eventuais desacertos e hesitações da jurisprudência, persistir em
apreciações a órgãos de soberania que lhe cabe respeitar.
O respeito que é devido ao venerando desembargador perde-o o
sindicalista, arrastando na sua reiterada colagem à direita a isenção que é
atribuída aos juízes. Alguém lhe devia lembrar que não foi sufragado em
eleições, que as suas opiniões estão sujeitas ao crivo da opinião pública e,
como as de qualquer político, ao escrutínio dos cidadãos.
Temos de ser vigilantes para não voltarmos a ser vigiados.
República de juízes, nunca.
Ponte Europa / Sorumbático
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