PAN – A desintegração de um partido exótico e as variações da geometria partidária
André Silva, foi o líder e protagonista de uma novidade que resultou – o PAN –, partido das «Pessoas-Animais-Natureza», a face visível de um partido sem conteúdo, a viajar no comboio da ecologia, ignorando os movimentos ecologistas e os seus objetivos. Valeu-lhe a ausência de um partido ecologista autónomo da CDU, onde o PEV não acrescenta votos à coligação e a inegável preparação dos seus deputados sofre as suspeitas dos que duvidam de qualquer ideia oriunda do PCP.
Muitos se lembrarão da ignorância política, contradições e
impreparação demonstradas nos debates com António Costa, Catarina Martins, Rui
Rio e Assunção Cristas, só não debateu com Jerónimo de Sousa, e do desastre argumentativo,
sem conhecimentos nem objetivos, de André Silva.
O PAN não era um partido, era uma patologia mediática com
ambições parlamentares. Graças à benevolência da comunicação social, à sedução do
exotismo e à promoção da ignorância a pós-ciência, André Silva conseguiu iludir
a mediocridade das prestações televisivas e uma indizível entrevista ao
Expresso, e eleger 4 deputados à AR e 1 ao PE.
A experiência na AR levou-o a evoluir e a sobriedade
disfarçou o deserto ideológico do PAN cujo programa era pobre, confuso,
contraditório, e sem posicionamento político. Surpreendente foi ver algumas
figuras de longo passado político a apoiar tal partido, v.g., o prestigiado Prof. Eurico de Figueiredo.
André Silva evoluiu e fez da associação de origem suspeita
um partido. A sua deserção, a juntar à do eurodeputado e à de uma deputada da
AR, deixa um espaço sem projeto, coesão ou rumo, em franca decomposição. De 5 parlamentares
iniciais restaram as suas duas mais ignoradas deputadas na AR.
O rótulo de esquerda que os média lhe atribuíram deve-se talvez
à preguiça de quem viu o lugar onde se sentaram na AR. Nos Açores foram
decisivos para a chegada do PSD ao Governo Regional, com o partido fascista. Excetuando
a defesa dos animais, que cabe a todos os partidos, só fica na memória a exigência
de que os deputados do Opus Dei e da Maçonaria, duas organizações legais, devessem
tornar pública a sua filiação.
A ausência de ideologia, coerência e objetivos comuns
levaram à rápida desintegração. O abandono de André Silva da liderança e da AR
precipitam a desintegração do que foi uma ilusão política.
Não é o fim de um partido, é a erosão da religião onde cada crente
tem uma fé diversa.
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