O regresso d’Os (in)desejados

No intervalo pungente da direita jurássica, a suspirar pelo regresso de Passos Coelho, surgiu no espaço mediático o seu principal cúmplice, sem açaime, primeiro, a acusar de amordaçada a democracia, depois, a afrontar o PR, de direita democrática, com a subtileza de um azemeleiro.

Prestou à democracia um inestimável serviço e a Marcelo um invulgar favor, mostrando a diferença entre o salazarista amargo e a finura de um conservador ilustrado, sensível e inteligente.

A sua qualificação da democracia mostrou a que deseja, a desforra do 28 de maio contra o 25 de Abril, a nostalgia da Constituição de 1933 contra a que jurou várias vezes. A declaração n.º 27.003, “declaro por minha honra que estou integrado na ordem social estabelecida pela Constituição de 1933, com ativo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas”, continua o código de valores que rumina na defunção política a que se condenou.

Falta agora o regresso d’O Desejado, em qualquer manhã, entre brumas da memória dos que ainda o julgam capaz, os mesmos que julgavam o outro um estadista.

Não há lixívia que lhe branqueie o passado nem eleitores que o sigam na reincidência. Pode tomar o partido, para o perder de vez, mas jamais conquistará o país que iludiu.

A antecipação de Cavaco mostrou como estava viva a memória e morta a ressurreição, e a vinda do ora catedrático Passos Coelho, sem categoria, sem vergonha e sem cabelo, é a dádiva que favorece os adversários.

A pandemia produzirá a maior crise das nossas vidas, e vai ser demolidora na economia, no emprego e na saúde. A volubilidade do eleitorado é inevitável, mas era preciso que o País ensandecesse para reincidir em falhados.


Tal como a orquestra do Titanic, há orquestras que não tocam duas vezes.


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