Notas Soltas – março/2021
China – A violência da ‘lei de segurança nacional’, injusta e violenta, permitiu acusar de “conspiração para cometer subversão” quarenta e sete dirigentes políticos e ativistas pró-democracia de Hong Kong. As ditaduras não toleram a liberdade.
França – A condenação de Nicolas Sarkozy, por
corrupção e tráfico de influência, a 3 anos de prisão, 2 de pena
suspensa e 1 de prisão domiciliária efetiva, com pulseira eletrónica, é inédita
num ex-PR e revela a autonomia dos Tribunais nas democracias.
União Europeia – O Conselho de Ministros da Economia
da UE aprovou a proposta de obrigar as multinacionais a declarar os lucros em
cada país, abrindo a porta à tributação onde são gerados. A importante vitória
da presidência portuguesa, em que se destacou o ministro Siza Vieira, foi
saudada por políticos europeus e desprezada em Portugal.
Nigéria – O rapto de meninas por melícias muçulmanas,
escravizadas e violadas, é uma constante na região onde se digladiam o Estado
Islâmico, apoiado pela Arábia Saudita, e o protestantismo evangélico,
subsidiado por crentes dos EUA, pelo domínio de África.
Hungria – Sob risco de expulsão, Fidesz de Orbán deixou
a bancada do Partido Popular Europeu depois de ostracizado pelo desprezo dos
direitos humanos e das normas de um Estado de direito democrático, incluindo a oposição
à independência aos Tribunais.
Lula da Silva – A anulação das condenações a que foi
sujeito é a restituição de direitos políticos a quem não fugiu enquanto o juiz
indigno, Sérgio Moro, o perseguiu, prendeu e humilhou dirigindo a conspiração
que fez de Bolsonaro PR e, dele próprio, ministro.
Cavaco Silva – A saída precoce da cerimónia de posse do
segundo mandato do seu sucessor, sem o cumprimentar, não foi apenas um ato
inamistoso, foi a afronta de uma pessoa rude, má e vingativa, indigna dos
lugares que ocupou e do convite que recebeu.
EUA – O governador do estado do Arkansas
promulgou uma lei que ilegaliza o aborto nos casos de incesto e de violação. A
lei deve ser travada nos tribunais, mas é o desafio reacionário e misógino do
protestantismo evangélico que corrói o Partido Republicano.
Autarquias – A AR retirou-lhes o poder de veto à
localização de aeroportos. A decisão parlamentar anulou o surpreendente direito
de se oporem a obras de interesse nacional. Quando houver coragem, hão de ser
revistos os estatutos das Regiões Autónomas.
Vaticano – A viagem do Papa ao Iraque, país onde
foram dizimados os cristãos, depois da criminosa invasão acordada nos Açores,
foi uma mensagem política forte e corajosa a favor da paz. A missa nos
escombros das igrejas cristãs foi um gesto emocionante.
Covid-19 – É preciso ser demasiado ingénuo ou
excessivamente cínico para contestar as implicações da derrocada económica que
destruiu o turismo, afundou o PIB e acentuou o défice, com efeitos fatais na
pobreza, dívida pública e privada e nos impostos.
Moçambique – O terrorismo islâmico, em Cabo Delgado, é
uma tragédia maior do que a guerra colonial. Decapita crianças, incendeia, mata
e impede a sobrevivência das populações. É a barbárie que regressa onde pereceram
os sonhos do império português.
PAN – André Silva evoluiu e transformou a associação,
de contornos obscuros e origem suspeita, num partido. A sua deserção, a juntar
à do eurodeputado e de uma deputada da AR, deixa um espaço político, sem
projeto, coesão ou rumo, em franca decomposição.
Rússia – É difícil perceber o apoio de Putin a
partidos de extrema-direita, especialmente a líderes tão insensatos e perigosos
como Trump. Acumulam-se as provas da ingerência nas eleições dos EUA sem se
perceber a vantagem geoestratégica russa.
Turquia – Aboliu a herança de Atatürk apagando a
laicidade e os direitos da mulher. A renúncia à Convenção de Istambul, que
tenta combater a violência contra as mulheres, foi o desafio do déspota, a
realçar a violência sexista e a perversidade do Islão.
Eleições – A corrida começou e há grandes nomes a
disputar as maiores autarquias. Não se justificam o recurso a autarcas
itinerantes e a recuperação de pessoas cuja ambição as levou a concorrerem, em
precedentes eleições, contra os seus próprios partidos.
Covid-19 – Sendo duvidoso o fim da pandemia e as
vacinas um bem tão essencial, não se aceita o respeito pelas patentes. Estamos
em guerra, com milhões de vidas em risco. É urgente vacinar a população
mundial. As indemnizações devem ser posteriores.
Birmânia – Com Forças Armadas imóveis, o país parece ter
mudado. Os militares são os detentores do poder económico e não odeiam apenas
as minorias étnicas, as eleições e os direitos humanos, opõem-se a tudo o que
lhes limite a riqueza num país miserável.
Democracias – Portugal é reconhecido como um dos
países mais livres e democráticos do mundo, em geral e na Internet, a par da
Bélgica, Japão e Suíça. É por masoquismo, calúnia ou ignorância que se denigre
o que nos honra, esquecida a ditadura fascista?
Macau – Os jornalistas da Teledifusão de Macau foram
avisados para se absterem de criticar os governos da China e Macau. A
declaração assinada em 1987 entre Portugal e a China que consagra os “direitos
e liberdades”, foi violada e a liberdade de imprensa suprimida.
Movimentos pela Verdade – A extrema-direita surgiu com
o dos médicos, a negarem a pandemia, depois vieram os juristas, com um juiz perigoso
a dirigir esses negacionistas. Quem serão os próximos adversários da única
esperança – as vacinas?
PR – O início do segundo mandato, depois de tão
confortável vitória eleitoral, dava-lhe legitimidade para prosseguir uma
colaboração institucional isenta, sem a parcialidade do seu antecessor, e sem
tentação de ser o facilitador do seu antigo partido. Já tergiversou.
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