O PR e o 25 de Abril
Se o Presidente da República, exorbitando as funções, criasse dificuldades ao Governo, não faltariam vuvuzelas da direita a gritar com estridência que Marcelo tinha puxado as orelhas a António Costa, como se o PM dependesse de Belém e não da AR.
Acontece que o PR, depois de condecorar vários capitães de
Abril e outros militares que foram importantes no ato heroico, anunciou que
pretende condecorar, até 25 de Abril de 2024, todos os que se distinguiram na
preparação e realização da data mais emblemática do calendário da democracia.
Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio nunca esqueceram
os que arriscaram a vida para derrubar a ditadura fascista e dar a Portugal e
aos portugueses a democracia.
Nos dez anos de Cavaco Silva, o salazarista rancoroso, que
deve o que foi aos militares que desprezava, nem um só foi homenageado.
Preferiu dar pensões a pides, por serviços relevantes, do que ao corajoso e
emblemático cap. Salgueiro Maia. Aos heróis preferiu os torcionários, à
liberdade a afronta e à decência a ignomínia.
Marcelo, que, durante o primeiro mandato, reparou a omissão de
27 dos que não viram publicamente destacado o seu gesto heroico, homenageará todos
os militares esquecidos que participaram na conspiração e plano do 25 de Abril,
até à comemoração dos 50 anos de Revolução (2024).
Tão importante para quem quer deixar na História a marca do honrado
democrata que se tornou, é a declaração que fez:
“É uma justiça ainda não cabalmente prestada, iniciada pelo
Presidente Ramalho Eanes, continuada pelo Presidente Mário Soares e, a seguir,
pelo Presidente Jorge Sampaio, mas conheceu uma descontinuidade e o seu
reatamento”.
Seria injusto não enaltecer o espírito do PR que distingue a direita democrática, de que é o seu maior expoente, e a direita salazarista, ingrata, inculta e vingativa, que destila ódio e retirou do calendário dos feriados nacionais datas emblemáticas do país que somos, o 1.º de Dezembro e o 5 de Outubro, datas que marcaram a nossa identidade.
Comentários
Quem não pode deixar de recordar pessoas como Diogo Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Francisco Sá Carneiro, Francisco Lucas Pires, este último de uma geração mais jovem e que infelizmente nos deixou cedo de mais.
Quando os comparámos com a fornada saída do cavaquismo, os Dias Loureiros, os Duartes Limas, os Oliveira e Costa e cereja no topo do bolo, o pior deles todos, Durão Barroso, que marcou presença enquanto mordomo na infame cimeira das Lages, não nos surpreendemos que tenhamos desembocado em Passos Coelho e Miguel Relvas e mais recentemente em André Ventura, criação de quem malogradamente foi PM de 2011 a 2015.
Não tivesse Paulo Portas, outra figura sinistra, desferido a estocada final na carreira de MRS enquanto líder do PSD, e quem sabe teríamos sido poupados a Barroso, Santana Lopes e depois a Sócrates...