O PR, a pandemia e os sinais errados para o seu controlo
Com indícios alarmantes a prenunciarem nova vaga de contágios, de difícil contenção, não podem os responsáveis políticos dar sinais errados à população, ansiosa de retomar a vida normal e de compensar longos meses de restrições.
O país, especialmente a região de Lisboa, com o número de novos
infetados a disparar e o R (t) e o número de mortes a aumentarem, está a regressar
à angústia e a comprometer os esforços de relançamento económico.
A comemoração de um campeonato de futebol, com alguma
incúria das autoridades, foi o início de uma vaga de leviandades, multidões que
violam os mais elementares deveres de respeito das normas sanitárias, comprometendo
a saúde própria e a coletiva.
A recente provocação de um partido político (IL), cujos
direitos políticos lhe garantiram a liberdade de manifestação, além da graçola
boçal de atirar setas a adversários, impeliu militantes, e a população ansiosa
de se divertir na data tradicional de um popular arraial, a desprezarem as
recomendações sanitárias das autoridades e a ajudarem a disseminação das
infeções.
Perante a difícil situação sanitária nem o PR teve a ponderação
que as funções exigem, e deu um sinal errado com declarações infelizes que o prestígio
e a popularidade agravam. Ao declarar que “comigo o país não volta atrás, no
confinamento, comigo nunca mais”, contrariou a pedagogia das autoridades de
saúde e exerceu uma intolerável pressão nas decisões que cabem ao Governo.
A benevolência de que goza nos média permite-lhe não ser
confrontado com a enorme leviandade das declarações e, do mal feito, ficou
apenas, como ruído, a gratuita ofensa ao PM, por reprodução de declarações de virologistas,
em linha com anteriores decisões do Governo.
Não se sabe se o PR tem agenda oculta, mas a deselegância da
bravata e, sobretudo, a infelicidade das declarações acima referidas, são a
nódoa indelével na sua magistratura de influência e um enorme perigo na
política de combate à pandemia.
O pior que pode suceder a Portugal é tornar-se o PR, garante do regular funcionamento das instituições, ator partidário ou, levado pelo narcisismo, um perturbador, pondo nas suas ações o peso da popularidade e da simpatia que granjeou.
Ponte Europa / Sorumbático
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