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A mostrar mensagens de outubro, 2021

Notas Soltas – outubro/2021

Afeganistão – Um mês após a capitulação dos EUA e seus aliados da Nato, tornou-se intolerável o ritmo de atrocidades, em especial contra as mulheres. A demência tribal e religiosa do Governo talibã faz amputações públicas e a sharia é o seu código penal. França – O presidente da comissão nacional de investigação da pedofila na Igreja disse ter havido “entre 2.900 e 3.200 criminosos pedófilos", padres e frades do clero Católico, desde 1950, com mais de 300 mil vítimas. Urge escrutinar o clero de outras religiões e países. Forças Armadas – Foi a impaciência do ministro da Defesa na mudança do CEMG da Marinha, acordada entre PR e PM, ou o pretexto do PR para assumir a luta partidária e liderar a oposição? De onde partiu a fuga de informação, de Belém ou de S. Bento? Espanha – O líder do PP, Pablo Casado, prometeu em Valência revogar todas as leis da esquerda quando chegar ao Governo. A competição com o partido fascista VOX tornou-se a obsessão do partido fundador da democr

A FRASE -- Há 3 anos

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[Procurei e não encontrei] "nos 27 anos de vida pública do capitão Bolsonaro nenhum indicador eticamente reprovável em termos pessoais. (Paulo Portas, criador e diretor espiritual de Assunção Cristas e Nuno Melo )

O chumbo do OE-2022 – Até aqui cheguei…

Hesitei entre o título «J’accuse…», do artigo de Émile Zola na sequência do caso Dreyfus e o desabafo de José Saramago perante a prisão política de mais um intelectual por um regime que defendia. Optei pelo segundo, mais de acordo com a revolta sentida com o chumbo do OE-2022, no rescaldo da maior crise económica, financeira, social e sanitária de um século, e cujo desfecho é ainda imprevisível. Não me senti desiludido. A desilusão é o argumento romântico que os trânsfugas usam para justificar uma deserção. Eu não desertei nem mudei de campo. Sinto revolta pelo desfecho da votação e uma enorme solidariedade por António Costa, que arrostou com o azedume e a chantagem de Cavaco Silva para provar que a direita não tem o alvará para decidir a dimensão do Arco do Poder, tal como nenhum partido de Esquerda o tem para rotular quem é ou não de esquerda e, muito menos, quem é democrata. A decisão feriu interesses dos mais necessitados, do país, dos autarcas, e o bom senso. Um orçamento que

O direito ao insulto e as idiossincrasias censórias

Por muito que custe aos guardiões da moral, como se esta fosse universal e imutável, o direito ao insulto só é limitado pelo Código Penal, com a moderação que deve restringir os juízes para não ferirem a liberdade de expressão. Há trogloditas que se sentem afrontados com os Direitos Humanos, a igualdade entre homens e mulheres, a liberdade, a música, as belas-artes, a carne de porco, o álcool, o vestuário feminino, o livre-pensamento e quase tudo o que seja apanágio das sociedades civilizadas. São capazes de lapidar, decapitar ou amputar membros a quem despreze as tolices que julgam reveladas por um ser imaginário a cuja vontade procuram submeter a Humanidade. Devem respeitar-se ou combater-se as crenças que os povoam, tradições que herdaram e preconceitos que os envenenam? Respeitar as tradições é consentir a supremacia dos homens, a humilhação das mulheres, a escravatura, a homofobia, o tribalismo, a mutilação sexual feminina ou a xenofobia. Todos somos ateus para os deuses d

O PR e a política partidária

Não lhe bastam a cultura e a inteligência, a urbanidade e os sorrisos, a popularidade e a simpatia, para fazerem do cidadão cínico e intriguista um bom Presidente da República. Há muito que o atual PR, com a cumplicidade dos media e das redes sociais, decidiu fazer do segundo mandato um instrumento de propaganda da direita, da pior direita, sem respeito pela função e pelos partidos. Belém tornou-se o centro de propaganda, sem disfarce ou comedimento, numa voragem que levou o inquilino a anunciar previamente a decisão que lhe cabia ponderar depois da votação do Orçamento de Estado, a convocação de eleições antecipadas. Se não se alterar a geografia eleitoral é sua a responsabilidade de sujeitar o País a umas eleições inúteis de que é o único responsável. Terá de justificar a leviandade. Mas onde levou mais longe a falta de sentido de Estado, e a vocação de chefe tribal, foi na audiência concedida a um eurodeputado que é candidato à presidência do PSD, sem disfarçar a preferência

Divagações de quem escreve para quem o lê

O meu prazer da escrita é diretamente proporcional ao prazer que adivinho nos que me leem e à intensidade da crispação dos que discordam, apreciando-os a todos. Procuro escrever sem prevaricações ortográficas ou derrapagem na sintaxe, por amor à língua que me une aos leitores, por respeito que devo à memória da minha excelsa mãe e professora, por brio e na convicção de que os bons argumentos sucumbem perante a mediocridade da escrita. O maior prazer é dizer o que sinto, transmitir o que penso e pôr os outros a pensar. Não há maneira de abdicar do que sinto, penso e desejo, de sufocar a vontade de partilhar ideias e emoções, razão por que prefiro manter vivo este mural a escrever um livro para morrer sem ser lido. O escritor é um lavrador que revolve a terra da escrita e semeia letras de onde germinam as palavras que transplanta para as páginas em branco do livro em construção. Ora semeia a eito, ora apara os ramos das árvores que nascem da fantasia do cultivador. Dá-lhes as cores e o c

Associação 25 de Abril

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  Reflexão e Alerta   Como se costuma dizer, o  Passado  deve servir-nos para retirarmos lições sobre o que fazer no  Presente  para termos um melhor  Futuro .   Vem isto a propósito do enorme barulho - tipo chavascal - que a direita e a extrema direita estão a fazer à volta de um desfile comemorativo do Dia do Exército.  Nas redes sociais, começámos por ver afirmações sobre proibições várias, no que se refere às tradições das Forças Pára-quedistas: não lhes era permitido usar a tradicional  Boina Verde , não podiam cantar a sua  Canção  durante o desfile, não podiam marchar com o  Passo  que as distingue, estavam ameaçadas de extinção...  Como se constatou em Aveiro, a mobilização surtiu efeitos e o resultado foi uma manifestação de autênticos desordeiros, que primaram pelos insultos ao Ministro da Defesa Nacional e ao Chefe de Estado Maior do Exército.  De nada servindo o poderem ter constatado que a boina utilizada foi a tradicional de cor verde, e de lhes ter sido explicado, aos qu

A novela mexicana do OE e a vertigem mediática

Não sei se a macroeconomia faz parte de alguma ideologia exotérica, quiçá, integrante da Teologia, ‘ciência’ que, por lhe faltar método e objeto, um ateu não enxerga. Estou cansado de jogos florais e cantigas de escárnio e maldizer, da volúpia de todos os que pretendem conquistar votos à mesa do Orçamento, alheios à dimensão da dívida e aos encargos futuros das gerações que nos sucederem. Não acuso nenhum partido em particular, e sinto que a simpatia que adquiriram quando se entenderam é delapidada com o cansaço e a ansiedade com que enervam o eleitorado. O que está em causa não é percetível ao comum dos eleitores, e a estridência com que se combatem os amigos é o ruído que afasta os apoiantes. Numa aliança, com cedências mútuas nos limites possíveis, todos ganham. Na disputa, com a corda esticada, todos se enforcam. O caminho que o PR ajudou a envenenar não tem regresso e muitos começam a sentir que é preferível a queda do Governo a um Orçamento incoerente, negociado ao sabor de apoio

A opinião de Alfredo Barroso

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  ALFBARROSO FACEBOOK NEWSLETTER «Amigos» + «Seguidores» =  20.250  (24/10/2021)     David Dinis, actual director-adjunto do Expresso, é o jornalista de direita mais reaccionário que eu conheço...   A DIREITA DEITARÁ MÃO A TUDO O QUE SIRVA PARA DESACREDITAR O GOVERNO E FAZER ESQUECER AS VITÓRIAS ELEITORAIS DO PS - texto de Alfredo Barroso A obsessão da direita é o controlo do aparelho de Estado, que ela considera quase como um direito natural adquirido à nascença, desde o berço. Claro que também há uma direita democrática, que não pensa assim, que aceita a legitimidade conferida pelo voto e, portanto, a alternância no poder que é própria de um regime democrático autêntico. Mas a direita genuinamente democrática é, em geral, minoritária e é submergida pela direita mais reaccionária, e mesmo pela extrema-direita, quando prevalecem ao de cima os interesses egoístas, e tantas vezes ilegítimos, da plutocracia, que se considera a si própria como classe dominante e reclama, com urgência, o re

A lúcida interpretação de Alfredo Barroso

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  ALFBARROSO FACEBOOK NEWSLETTER «Amigos» + «Seguidores» =  20.247   (23/10/2021)       ÂNGELA SILVA, PORTA-VOZ DE MARCELO PR NO EXPRESSO, REPRODUZ  'IPSIS VERBIS'   AS SACANICES EM FORMA DE RECADO QUE LHE IMPINGEM EM BELÉM! - acha  Alfredo Barroso , espantado com a indigência e falta de subtileza O que mais preocupa Marcelo PR, e ele manda a Ângela Silva dizer 'à cidade e ao mundo' com maior candura possível, 'ipsis verbis', no seu Expresso, é que aquilo que mais o preocupa não é tanto que o OE seja aprovado ou seja chumbado. É, isso sim, que a direita dispute eleições legislativas só quando ela estiver preparada para as vencer, e voltar ao poder, o que implica maioria absoluta, nem que seja em coligação. Por isso gostaria que, caso o OE 2022 seja chumbado, o primeiro-ministro António Costa não pedisse logo a demissão e aguentasse 'os cavais' o mais tempo possível, até que a direita - ou as direitas - estejam preparadas para o derrotar, a ele, o 'ge

Marcelo Rebelo de Sousa – Subsídios para uma biografia ocultada (4889 carateres)

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Depois da agradável surpresa de um PR inteligente, culto e simpático, sucedendo a dez anos de um empedernido e azedo salazarista, Marcelo começou a arruinar, no segundo mandato, a imagem do primeiro. Já gastou o cabedal de simpatia que mereceu. A irrefreável tendência para comentar tudo, do futebol à política, da canoagem à poesia, das vacinas à economia, dos incêndios às inundações, das decisões políticas aos autores, dos OE à conduta das oposições, só se contém perante eventuais fugas de informação da sua Casa Militar e notícias de pedofilia eclesiástica. Ao contrário dos beija-mãos ao Papa e aos bispos, exibe uma postura arrogante com os políticos, quiçá ressabiado da derrota na Câmara de Lisboa, do epíteto do PM que o fez ministro e das acusações de ser delator das decisões dos Conselhos de Ministros para os media, mestre na intriga e na dissimulação, nas pretensas idas à casa de banho. O homem que chamou Lelé da Cuca ao dono do semanário que o nomeou diretor, para se descul

76.º aniversário da PIDE – 22-10-1945 – efeméride tenebrosa

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Faz hoje 76 anos que a ditadura fascista criou a PIDE, ampliando a ação repressiva e o poder discricionário da extinta Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE). Referir o nome, ainda provoca calafrios a quem cedo sentiu a devassa e a intimidação, e, sobretudo, aos familiares das vítimas: deportados, presos, torturados e mortos.

À Libânia (meretriz e filantropa) – Crónica --- Homenagem de três gerações de estudantes....

Libânia (Libaninha). Não precisava de apelidos para ser referenciada. Continuam desnecessários para ser recordada. No seu peito nunca brilhou uma comenda, e a ele se aconchegaram muitas inseguranças em véspera de exames, muitas ansiedades a preceder esponsais, muitas inquietações à procura do primeiro emprego. O corpo não teve a moldá-lo um escultor que o imortalizasse em bronze, mas teve milhares de corpos que, em êxtase, o ajudaram a modelar. Três gerações de estudantes aprenderam nela a inutilidade do pecado solitário. Foi, por assim dizer, a primeira educadora sexual. Sem diploma. Teve mais matrículas do que o mais inveterado dos cábulas. E não chumbou por faltas, não lhe minguou a competência, nem se furtou às chamadas. Não sendo culta foi uma mulher sábia. Não pertencendo a instituições de beneficência foi solidária. Foi tolerante, generosa e boa. Pela sua casa passaram quase todas as profissões da cidade em busca dos préstimos da sua. Nivelou no tálamo as diferenças

Voando sobre um ninho de cucos – 5 – A direita dura de regresso

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Impedindo os acólitos de Belém de ficarem sós na luta que Marcelo principiou, as aves cavaquistas, que acolitaram o Governo do ora catedrático Passos Coelho e do homem de negócios Paulo Portas, saíram à rua para apoiarem Paulo Rangel. Os indefetíveis do empedernido salazarista e do seu cúmplice saído da administração da Tecnoforma para a chefia do Governo perceberam que Belém queria substituir Rui Rio por um almocreve ajaezado à sua vontade, e já com a bênção de Miguel Relvas, Marco António e Luís Filipe Meneses, ficando com Moedas de reserva. Concluída a aliança entre salazaristas e democratas no albergue espanhol onde Cavaco, Marcelo, Passos Coelho, Alberto João Jardim e outras aves de pequeno e mau porte se juntaram numa espécie de união nacional de democratas mais ou menos praticantes, partiram para a Cruzada contra António Costa e quem o apoiar. O ex-tocador de campainhas de portas que previra incinerar o Governo durante mais um ou dois anos, com ataques cirúrgicos e à esper

Política à portuguesa – 7 indomáveis aracnídeos

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A política metamorfoseia cidadãos, aparentemente normais, em lacraus cuja mordedura pode ser fatal. Do álbum da tralha cavaquista faleceu Medina Carreira e, do resto, só João César das Neves, amargurado com a eleição do Papa Francisco, se remeteu ao silêncio, à contemplação e ao cilício. Há, no álbum, um espaço em branco à espera da foto do líder que, talvez pela exposição mediática, seja excessiva a sua presença no álbum da família dos lacraus. Se o descobrir não deixarei de publicar a biografia para gáudio dos leitores.

Voando sobre um ninho de cucos – 4 – Nuno Melo (CDS)

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Na observação da ornitologia política a que me propus, antes de regressar aos pássaros de maior porte, vale a pena depenar um pardal da direita dura, Nuno Melo, que pretende substituir o atual presidente da comissão liquidatária, Francisco Rodrigues dos Santos. O deputado profissional, em Lisboa e Bruxelas, sem possibilidade de euro-deputar, quer deputar em Lisboa, sendo obrigado a disputar a liderança do clube, o CDS, ao Chicão. Nuno Melo é uma ave canora da capoeira da direita tesa, capturada por Cavaco, Passos Coelho e Paulo Portas, onde Cavaco era considerado um intelectual e Passos Coelho estadista. Pontificavam aí os Drs. Relvas, Marco António e Nuno Melo, quando Cavaco entrou em defunção política, Portas no mundo dos negócios, e Passos Coelho na cátedra universitária que lhe arranjou Sousa Lara, ex-censor de Saramago e futuro porta-voz do partido fascista, e a D. Cristas geria o CDS. Um bando de aves sonoras! Nuno Melo, independente de direita, entre Salazar e Rolão Preto,

Glória a Frei Galvão, parteiro e santo – 1.º santo brasileiro

Em 2006 o Vaticano divulgou o segundo milagre do primeiro santo brasileiro Frei Galvão ultrapassou o padre Cícero na maratona da santidade. O P.e Cícero Romão Batista tinha mais alta cotação na Bolsa da Fé, e as ações de Frei Galvão ultrapassaram-no com o anúncio da adjudicação de dois milagres pelo Vaticano. O Brasil, apesar da fé que os portugueses levaram com a varíola e a sífilis, nunca tinha criado um santo. Há terrenos mais férteis, destacando-se a Itália com toneladas de ossos de taumaturgos, relíquias fétidas a carecer de incineração, para defesa da saúde pública, e santos detritos com cheiro a incenso e mofo. A Pátria de Jorge Amado foi finalmente distinguida com um santo que interferiu num parto depois de ter morrido em 1822. Os obstetras estão obsoletos, basta um cadáver de que a parturiente seja devota para resolver os problemas de uma bacia estreita, um útero malformado ou uma distocia fetal. É verdade que Frei Galvão já podia há muito ter-se estreado no ramo milag

Voando sobre um ninho de cucos_3

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Ao começar mais um exórdio sobre a ornitologia política a que me propus no estudo de pássaros, passarinhos e passarões da política portuguesa, deixo um pássaro lento, mais parecido com a galinha, e avanço para uma ave de grande envergadura. Marcelo, hipercinético, de incontrolável loquacidade e ambição, anda, desde o início do segundo mandato, a tecer as malhas da ascensão da direita ao poder, sob o seu comando, ajudado pelos media e a feliz circunstância de ter sucedido a um pétreo salazarista. As referências ao OE não são de agora, em pleno furacão das negociações que o próprio se encarrega de dificultar. Ao repetir com insistência, desde o início da legislatura, que não lhe passa pela cabeça, em cada ano, que o OE não seja aprovado, sabe bem que tece a intriga que dificulta as negociações. Não quer dramas, crises, indecisões ou guerrilhas – diz, e estimula-as. Não se cala! O avatar civilizado, culto e inteligente do antecessor é mais sibilino na intriga e eficaz na cizânia qu

Voando sobre um nino de cucos – 2

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À semelhança do presidente do PS, também não ando a par da produção literária de Cavaco Silva que, ao atingir níveis incontroláveis de ácido clorídrico, sente necessidade de bolçar o azedume. Há dias, sem ser quinta-feira, emergiu da defunção em que o julgávamos, para enaltecer as oportunidades que o Governo de Passos Coelho deixou aos seguintes, sem que estes as soubessem aproveitar. É de saudar que a idade, as dificuldades com a gramática e a dedicação aos netos e à prótese conjugal não o impedissem de manifestar a sua opinião. Podia acontecer, como sucedeu durante 10 anos, que os portugueses se esquecessem do mal que fez ao País como PM, e lhe permitiram a vitória tangencial a PR, urdida com os casais Marcelo e Durão Barroso na vivenda de Ricardo Salgado. Tudo boa gente! Já nos esquecêramos da forma como prolongou o Governo Passos Coelho / Portas, da tentativa antidemocrática de não respeitar a AR para o manter e dos uivos que quis fazer ouvir em Bruxelas contra o Governo que

A social-democracia está de volta?

Passada a solidariedade, que o fim da guerra (1939/45) exigiu à martirizada Europa, foi-se perdendo o sentido da justiça social. A deriva neoliberal fez caminho com Margaret Thatcher, secundada por Reagan e líderes da América Latina, nomeadamente Color de Melo e Fernando Henriques Cardoso, e exerceu influência deletéria inclusive em órgãos multilaterais, FMI e Banco Mundial. As últimas três décadas acentuaram o neoliberalismo, na Europa e no Mundo, com a descida ao inferno dos mais carenciados, da Europa e dos EUA à China onde um Estado designado comunista usa a ditadura para o mais desalmado liberalismo económico. Os partidos conservadores europeus, com exceção da CDU alemã, onde a presença forte da estadista Angela Merkel, evitou desvios nacionalistas, tenderam para uma direita de contornos nacionalistas, fortemente neoliberais e, até, antidemocráticos. O PP espanhol, agora mais próximo do VOX do que da matriz conservadora e democrata-cristã, está a tornar-se um perturbante exemp

Texto de Onofre Varela - Vice-presidente da Associação Ateísta Portuguesa

  Sobre o pensamento ateu   Ninguém nasce ateu ou religioso, tal como não se nasce a saber falar. A língua materna é aprendida em família, e o sentido da religiosidade também. Todas as sociedades obedecem a preceitos religiosos que alicerçam o pensamento enraizando-o de geração em geração. Na minha família (sou filho de pai republicano e ateu, e de mãe católica não praticante) nunca se deu importância à fé religiosa. Fui educado no respeito pelo próximo e pela Natureza, dispensando a adoração a deuses e a santos. Quando tive idade para raciocinar, e em confronto com os meus amigos participantes em missas, acompanhei-os e senti necessidade de os interrogar sobre o culto. Aquilo parecia-me estranho  por não ter  bebi do  da taça religiosa dos meus amigos,  e  afast ei -me voluntariamente de celebrações litúrgicas que me pareciam  sem  nexo. N o passar do tempo que tudo transforma, a minha atitude perante a  R eligi ão  também sofreu alterações.  Aquela frase popular “só os burros não mud