Notas Soltas – outubro/2021
Afeganistão – Um mês após a capitulação dos EUA e seus aliados da Nato, tornou-se intolerável o ritmo de atrocidades, em especial contra as mulheres. A demência tribal e religiosa do Governo talibã faz amputações públicas e a sharia é o seu código penal.
França – O presidente da
comissão nacional de investigação da pedofila na Igreja disse ter havido “entre
2.900 e 3.200 criminosos pedófilos", padres e frades do clero Católico,
desde 1950, com mais de 300 mil vítimas. Urge escrutinar o clero de outras
religiões e países.
Forças Armadas – Foi a impaciência
do ministro da Defesa na mudança do CEMG da Marinha, acordada entre PR e PM, ou
o pretexto do PR para assumir a luta partidária e liderar a oposição? De onde
partiu a fuga de informação, de Belém ou de S. Bento?
Espanha – O líder do PP,
Pablo Casado, prometeu em Valência revogar todas as leis da esquerda quando chegar
ao Governo. A competição com o partido fascista VOX tornou-se a obsessão do
partido fundador da democracia, cada vez mais propenso a traí-la.
Pandora Papers – A nova
revelação refere três ex-ministros, só os políticos importam, com celebridades
mundiais a acompanhar as portuguesas. Enquanto se fala de eventuais corruptos,
folgam os corruptores. É de políticos que a voragem mediática se alimenta.
Política Portuguesa – Em
2005, foi o caso Freeport; em 2009, as escutas de Belém; em 2014, a Operação Marquês;
em 2019, Tancos; em 2021, a Rússia e a CML e, depois das autárquicas, a
substituição do CEMA. Qual é o escândalo ou o caso judicial à espera?
Conselho Superior da
Magistratura – A pena de demissão do execrável juiz e cidadão Rui Fonseca e
Castro foi um ato de higiene para a Justiça e a justa reparação a quem, na
pandemia, teve o discernimento que a beca não conferiu ao embrutecido negacionista.
Polónia – O PM, Mateusz
Morawieckide, desafia a justiça europeia e ameaça a saída da UE. O extremista
que despreza os direitos humanos e a independência do poder judicial, subverte
os valores democráticos e humanistas gravados na matriz da União Europeia.
China – A admissão do
recurso à força militar da ditadura, para a anexação de Taiwan, é o pretexto que
estimula o nacionalismo chinês, determinado a unir o País e a torná-lo a
primeira potência mundial. Será uma tragédia para a sobrevivência das
democracias.
Social-democracia – Após
décadas de neoliberalismo, regressou aos países nórdicos, Suécia, Dinamarca,
Finlândia, Islândia e Noruega; à Alemanha com o SPD; à Península Ibérica, com o
PSOE e o PS. A Europa não está reduzida à direita e extrema-direita.
Lítio – A extração é necessária
na transição para energias limpas, mas não há mudanças sem custos ecológicos.
Difícil é entender que os mesmos que exigem a transição sejam os mais avessos à
extração deste metal essencial. Estão de acordo, mas noutro sítio!
Aeroporto Internacional –
É inaceitável que obras de interesse nacional possam ficar à mercê dos humores
e interesses partidários dos autarcas dos concelhos para onde foram projetadas.
O interesse municipal não pode sobrepor-se ao nacional.
Aristides Sousa Mendes – A
desobediência a Salazar, que salvou milhares de judeus de fornos crematórios, foi
um exemplo de coragem e humanismo. O Memorial que o honra em Vilar Formoso,
Fronteira da Paz, no concelho de Almeida, exige ser visitado.
Parlamento Europeu – O
ultimato à presidente da CE, Von der Leyen, para promover o congelamento de fundos
à Polónia e Hungria, foi uma decisão louvável na defesa dos Direitos Humanos e do
Estado de Direito que o pragmatismo adiou.
Monarquia espanhola – Juan
Carlos e Felipe VI, herdeiros impostos por Franco, estão cada vez mais associados
a posições de direita e extrema-direita, e o regime, que nunca foi sufragado, desfruta,
segundo as sondagens, de cada vez menor apoio popular.
Angela Merkel – Após 16
anos consecutivos de exercício de funções, a homenagem do Conselho Europeu teve
na sua apoteótica unanimidade um gesto merecido que honra a maior estadista
europeia deste século. Vai fazer falta a mais europeísta dos alemães.
Turquia – Dez
embaixadores pediram, em declaração conjunta, a libertação do ativista Osman
Kavala, preso político há 4 anos, acusado de espionagem. Erdogan expulsou os
embaixadores, incluindo EUA, França e Alemanha. São assim as ditaduras!
OE-2022 – Quando a
Esquerda desilude não é a Direita que seduz, são a frustração e a vingança que
determinam a intenção de voto que beneficia a última. Não se pode querer
conquistar votos à custa do Orçamento indiferente à sua exequibilidade.
Geopolítica – A aliança
EUA, RU e Austrália, em torno da rivalidade sino-soviética, é a mudança do
centro de gravidade do Atlântico para o Pacífico, com o definhamento da Nato e
a segregação da União Europeia. A Índia e o Japão são aliados naturais contra a
China.
Balcãs – Já bastava a
criação de um Estado pária – Kosovo –, um entreposto da droga e do terrorismo
islâmico. O Montenegro estrou em convulsão com a entronização do novo
dignitário da Igreja Ortodoxa sérvia, e a Igreja Ortodoxa montenegrina ameaça a
paz.
Eleições – Desde o
chumbo, na pior altura, à abusiva intromissão do PR e à preferência que
manifestou por Paulo Rangel, parece ter havido uma enorme leviandade quanto às
consequências económicas, financeiras e políticas que a instabilidade
pós-eleitoral trará.
Cimeira do Clima – A
baixa expetativa sobre a capacidade de unir o mundo na defesa do seu futuro
cria enorme angústia quanto à possibilidade de se manterem condições de
sobrevivência para as gerações vindouras. Na COP26 trava-se a batalha decisiva.
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