Mensagem aos camaradas da sinistra guerra colonial – BCAÇ. 1936 – Almoço anual
Queridos camaradas,
Hoje, 54 anos depois de embarcarmos a bordo do Vera Cruz, 40
pessoas deslocaram-se à Régua para o almoço anual que a pandemia suspendeu nos
dois últimos anos.
Cada ano que passa sentimos mais a falta dos que partem e
maior desejo de encontrar os que restam. Foram duros estes dois últimos anos e
só a coragem e abnegação de alguns fizeram retomar o convívio em que todos devíamos
participar. Ficará vazio o lugar de cada um que falta. E que falta fazemos uns
aos outros!
Peço desculpa da minha ausência aos que disseram Presente,
certo de que o número que me foi revelado será suficiente para fermento do
almoço do próximo ano que já espero sem medo de contágios.
Em 1640 também bastaram 40 conjurados para devolveram a
Portugal a independência. Hoje, com os familiares, estão alguns dos que sobreviveram
aos dois longos e dolorosos anos, em Malapísia e no Catur, os pioneiros dos
almoços que ainda houver, das reuniões que ainda teremos, do reavivar de afetos
que explodem com o calor humano da saudade que em cada ano se mitiga.
Nenhum de nós esquece a única família que teve durante 26
longos e dolorosos meses, a angústia das horas que teimavam em não passar e a
ansiedade que crescia em cada novo dia.
Nem todos os momentos foram de sofrimento. Os afetos criados
em ambiente de revolta aprofundaram-se com o medo de não voltar e a necessidade
de substituir a família que deixámos pela que nós próprios fomos.
Envio um comovido e saudoso abraço a todos os presentes e às
famílias que vos acompanham.
Até para o ano!
Coimbra, 9 de outubro de 2021
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