As eleições legislativas e o PSD
Rui Rio, mal refeito ainda da vitória interna contra Paulo Rangel, já tinha os adversários a exigir-lhe os lugares das listas de deputados, a liderança dos círculos eleitorais, enfim, o poder.
Roma não pagava a traidores, e, no PSD, eram esses que
exigiam o pagamento. Rui Rio fez o habitual, despediu os mais venenosos e
juntou alguns aos que lhe foram leais, para não ter apenas indefetíveis, que
reduzem a massa crítica do partido que aspira ao poder.
Enquanto os derrotados procuram digerir e explicar os
resultados, incluindo o PR, quem perde é que explica, Rio faz jus à sua
tradicional heterodoxia de fazer campanha. Não se lhe pode negar a coragem. É
capaz de cometer erros primários e de ser intuitivo e sagaz, incluindo a
decisão de abandonar o CDS ao naufrágio e deixar a comissão liquidatária à
porta da Assembleia da República.
O CDS deixou de fazer falta à democracia depois de se tornar
o refúgio de reacionários, esgotado de eleitores e a viver dos negócios de
secretaria de Paulo Portas, mera muleta do PSD, independentemente de quem fosse
o líder.
Rui Rio, convicto de que os quadros de algum valor irão
abrigar-se no PSD, obrigou o CDS a imolar-se. Não será o único partido a perder
o líder, mas o único capaz de perder todos os deputados.
O PSD está habituado a lutas internas, que cessam quando
chega ao poder. Rui Rio sabe isso e pode ser o sacrificado. Quando o obscuro
salazarista, Cavaco Silva, chegou a PM, após a improvável ascensão à liderança,
derrotando João Salgueiro, apoiado por jovens intriguistas, Marcelo, Júdice,
Santana Lopes, Durão Barroso e António Pinto Leite, no Congresso da Figueira da
Foz, passaram a ser líderes os piores, a chegarem ao poder os mais próximos do
salazarismo.
Rui Rio é exceção. A sua queda, com a ajuda de Marcelo,
recolocará o PSD, no lugar a que Cavaco e Passos Coelho o conduziram, a tralha
que tanto se aliava ao CDS como se coligará com o partido fascista. Mesmo com Rui
Rio, o PSD não abdicará do poder por alergia aos fascistas. O partido racista,
xenófobo, defensor da castração e pena de morte já se encontra no Governo
Regional dos Açores.
O PR não ponderou os prejuízos para o País ao precipitar as
eleições. Se a correlação de forças partidárias se mantiver, inviabilizada a repetição
da maioria de esquerda do XXI Governo Constitucional no próximo (XXIII), há de
perguntar-se para que serviram.
A simpatia e impunidade de que o PR goza nos media permitem
que seja ele a colocar no PSD e no Governo um homem de mão. Não lhe faltam
Moedas de reserva. Em vez de ser julgado pela opinião pública, será ele o juiz
do novo Governo.
Só a improvável maioria absoluta do PS ou de direita
anularia os intentos de Marcelo e a absurda e inconstitucional deriva da
democracia parlamentar para presidencial.
Rui Rio ameaça estar na origem de um terramoto partidário.
Numa época perigosa, não deixa de ser aliciante seguir o desespero e a
estridência dos arautos da direita.
É justo reconhecer a Rui Rio a coragem e a diferença dos salazaristas
que afrontou.
Ponte Europa / Sorumbático
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A diferença entre o Total e as Finanças é o que nos fica para pagar tudo o resto
Parei em 2015 porque não consigo abrir os mapas. Vou tentar de outra maneira.