M. – O PR (4) O PIRÓMANO
Não contem os leitores que defenda os desacertos do Governo e os erros nas escolhas de António Costa, notável a defender os interesses de Portugal em Bruxelas e errático nos convites de alguns membros do Governo, mas não contem comigo para fazer coro com a central de intoxicação da direita e com o líder da oposição sediado em Belém.
Hoje, na RTP-1, M. apareceu três vezes nos primeiros doze minutos
para surgir aos 32 na peça que assinalava os 7 anos de PR e em que o comentador
de serviço se esforçou a defender que M. tinha sido um aliado dos Governos e,
agora, só agora, se distanciara do PM a quem exigia que aplicasse aos membros
do atual Governo o questionário que não existiu quando os convidou.
Esqueceu-se o comentador de turno dos ministros que, sem
qualquer legitimidade, M. demitiu em público, da brutalidade com que incinerou
na televisão Constança Urbano, a MAI, quando ardia tudo à volta de Pedrógão. A crueldade
que obrigou a demitir a titular do ministério que tutelava o combate aos
incêndios, e as missas em Pedrógão com uma agitadora do CDS, continuaram a debilitar
o Governo e ficaram como marca do carácter deste PR.
Hoje, numa das aparições acima referidas, sem coragem para demitir
o Governo, ainda sem Moedas para o mealheiro das suas ambições, deitou água no
incêndio que ateou, e foi o primeiro bombeiro a chegar ao fogo, mas deixou
lenha para o reacender quando se livrar de Montenegro e tiver este Governo de
rastos.
Fica a pairar a falta de submissão dos governantes em funções
ao exótico questionário a que M. não se submete e que poderia levar à demissão
de quem não aceita responder ao que não lhe foi exigido em tempo próprio pelo
PM.
Ninguém pergunta se há ministérios a funcionar bem, se o Governo
tem governado mal ou se há propostas alternativas das oposições para uma melhor
governação. Não basta a criação de suspeitas, acusações, algumas legítimas, e a
criação de um medo coletivo dos que se esforçam por ter o País a funcionar.
Hoje nem sequer foi referida a notícia de ontem, o segundo
maior excedente do 3.º trimestre de 2022, da UE nas contas públicas foi de Portugal,
com 1,2% de superavit, a contrastar com o défice de cerca de 3% da zona euro e
da UE.
O medo e a desconfiança são ótimos a alimentar os saudosos
da ditadura, e a agenda de M. é perigosa e ele demasiado sábio para passar o
ónus da sua contribuição para o clima insuportável que se vive.
M., há 7 anos, substituiu em Belém o homem cujos Governos
tiveram as mais íntimas ligações
pessoais, até de negócios nebulosos, com as trágicas administrações do BPN,
BPP, BES e Banif. Logo nos primeiros dias, anunciou uma auditoria às contas da
PR. Perguntado, depois, pelos resultados da referida auditoria, disse aos
jornalistas com que já se fazia acompanhar, que a auditoria era para exclusivo conhecimento
de Belém. E os jornalistas não mais o confrontaram com mudança de rumo e a
opacidade da decisão.
O pirómano lança os fogos, mas só atiça os que lhe convêm. É um problema de carácter.
Comentários