Steve Bannon, o conspirador à solta

Há figuras sinistras cuja dimensão ultrapassa as fronteiras do seu País e representam um perigo a nível global. É o caso do ex-assessor de Trump, diretor de propaganda durante a sua presidência.

Pode dizer-se que isso não é crime, mas se se acrescentar que foi o ideólogo da extrema-direita por todo o mundo, especialmente na Europa, e que investiu somas astronómicas na promoção neofascista, já começa a desenhar-se o perfil tenebroso de um golpista que tem meios financeiros e capacidade para promover a desinformação e estimular golpes de Estado em vários países.

Ideólogo da direita radical populista, nova face do fascismo, foi promotor do ataque ao Capitólio, EUA, em 6 de janeiro de 2021, e da invasão às sedes da Presidência da República, Congresso e Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro p.p., em Brasília.

Dois anos e dois dias depois da afronta à democracia nos EUA, foi a vez de pôr à prova a democracia brasileira, bem mais frágil, onde os militares têm uma tradição golpista de que não há precedentes no país do Norte.

O ex-assessor de Trump e defensor de Bolsonaro é o ex-banqueiro que combate todas as democracias liberais, onde quer que existam. Desde 2018, passou a viver e a conspirar entre o continente americano e o europeu, tendo apoiado todos os partidos neofascistas e sido consultor da primeira campanha presidencial de Bolsonaro, depois da reunião com um filho deste, e agora instigador da tentativa de golpe de Estado após a vitória de Lula.

A sua estratégia é a disseminação de notícias falsas, o ataque ao carácter dos políticos e líderes democráticos e a acusação de corrupção partidária, na obsessão de unificar todos os extremistas de direita no assalto ao poder, através de eleições ou de golpes de Estado.

Em agosto de 2020 foi preso por fraude financeira, e encontra-se a aguardar julgamento, em liberdade, depois de pagar a fiança, continuando em conspiração antidemocrática, a nível global, com o apoio das redes sociais, imprensa e partidos nacionalistas, racistas e xenófobos numa mistura de messianismo e nacionalismo contra a modernidade, os direitos humanos e a democracia. Ninguém investiga quem o financia. Na Itália foram coroados de êxito os resultados.

Os tentáculos do celerado adversário da democracia andam por aí em apertados abraços com os líderes da extrema-direita que emergem na reedição dos anos 30 do século XX.

A compra do Twitter por Elon Musk, patrão da Tesla e da SpaceX é o perigo acrescido que o capricho de multimilionários, incontroláveis pelos Estados democráticos, pode dar às aventuras golpistas de que Steve Bannon é um experiente ideólogo e paradigma tenebroso.

Corremos o risco de abdicar de pensar para nos tornarmos autómatos ao sabor de um qualquer algoritmo.

Nada disto é novo, apenas a consciência do perigo está ainda adormecida em muitos dos que não se conformam com o regresso das ditaduras.


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