M. – O PR
Quem hoje assistisse pela primeira vez ao telejornal das 13H00 havia de ter pensado que vivemos em um país cujo Governo tivesse saído de um qualquer golpe de Estado e não do voto livre dos cidadãos.
Para dar força aos legítimos ataques das oposições e às merecidas
críticas dos cidadãos, apareceu três vezes o PR, que, nos jornais, faz diariamente
manchetes desta natureza: “M. segura ministro X; M. dá mais algum tempo ao
ministro Y; M. quer que o Governo use o questionário, que o PM elaborou para os
futuros membros do Governo, aos atuais; etc., etc.,. Parece que o Governo
responde perante o PR e não perante a AR e que o País precisa de acrescentar
mais um comentador, de amplo espetro, aos que são pagos.
Ainda no noticiário, percebido que Montenegro é um líder de
passagem, como hoje não era dia de Marques Mendes, a RTP-1 recorreu a Paulo Rangel
para assessorar o PR e o PSD na luta contra o Governo, até à troca por Carlos
Moedas, o ora protegido do PR.
O antecedente pouco dignificante deste PR, quando recebeu
Paulo Rangel na véspera do Congresso em que disputou a liderança a Rui Rio, num
claro apoio contra o então líder do PSD, levou às pessoas atentas a certeza de
que não desiste da sua agenda pessoal.
Como nem um só jornalista confrontou o PR com a afronta de
se imiscuir na greve dos professores, em plenas negociações, tomando partido
quando o Governo, a quem cabe a defesa dos interesses globais do Estado, fragilizando
o ministro, o PR abriu as portas às greves que esperam o resultado da que está
em curso.
Não faltam ao PR a inteligência e a cultura política para medir
a importância mediática das suas palavras, inversamente ao poder das suas funções,
e o risco que provoca de tornar ingovernável o País.
Marcelo está cada vez mais parecido com Cavaco, mas enquanto
o salazarista, a quem outorgou o grau máximo da Ordem da Liberdade, era
primário na exteriorização do ódio e rudimentar na gramática, M. é sibilino na
intriga e maquiavélico no combate político.
A opinião pública não o pode deixar à solta.
Hei de continuar atento e ser tão persistente quanto ele.
Comentários