O GOVERNO
Estou longe de branquear este Governo pelos desacertos das
nomeações, e condeno a leveza ética e a vileza de quem aceita cargos
governamentais sem condições políticas para o fazer, e, pior, sem avisar quem os
convida da sua situação judicial ou outra que possa comprometer a estabilidade
governativa.
Já se nota que a oposição de direita, liderada pelo PR, a
reboque da comunicação social, só quer desgastar o Governo para ser a nível
nacional o que é nos Açores. O partido fascista já se deu conta de que será
Governo, e só não sabe se será ele a liderá-lo.
A mentira é uma arma que o movimento fascista internacional
usa com a indisfarçável alegria de quem sabe que tem interesses poderosos a
defendê-lo. A “corrupção”, onde a direita se atola sempre, é a outra arma que
usa para destruir adversários e abrir caminho a formas musculadas de poder,
onde o escrutínio será abafado.
Alguém imagina o que sucederia aos beneficiários se 10% dos
recursos usados, e bem, a investigar Sócrates, tivessem sido usados para
esclarecer a compra da casa da Coelha ou das ações da SLN/BPL, de Cavaco Silva,
os submarinos de Portas e as verbas da UE oferecidas por Miguel Relvas a Passos
Coelho para a Tecnoforma?
A luta partidária e a alternância democrática são
imprescindíveis à democracia, mas não é tolerável que seja o PR a desgastar o
Governo, a conduzir a luta para a substituição, ao ponto de se ter assustado
com a fogueira que ajudou a crepitar e que teve de apagar após a demissão da
última e indigna secretária de Estado, depois de ter aproveitado todos os casos
do Governo para o queimar politicamente.
Nunca as duas maiorias absolutas de Cavaco ou a de Sócrates
tiveram uma tão feroz perseguição mediática, que leva a reboque os partidos e faz
o PR menosprezar a CRP e a decência a que o cargo o obriga.
O PR, ao dizer que dará mais tempo ao Governo ou que irá
escrutiná-lo, não está apenas a substituir-se aos partidos, imprensa e opinião
pública, mas a fragilizar a democracia, o que não o dignifica e o
responsabiliza pela provável ingovernabilidade futura do País.
O Governo não responde perante o PR, responde apenas
perante a AR.
Não louvo os erros das escolhas governamentais, só não faço
coro com oportunistas que surgem dentro e fora do PS, rendendo homenagem à forma
como António Costa tem enfrentado a pandemia, a guerra, a inflação e a alta das
matérias primas, enquanto o PR viaja sem coerência ou razoabilidade e fala de
forma incontinente, e a Oposição de direita disfarça na violência dos ataques a
debilidade, falta de projetos e fragmentação, com o partido fascista à solta.
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