A Perfídia - A opinião de Vital Moreira
QUINTA-FEIRA, 7 DE MARÇO DE 2024
Como era de temer (9): Abuso de poder qualificado
1. Passam hoje 4-quatro-4 meses desde que, a 7 de novembro do ano passado, o primeiro-ministro António Costa se viu forçado a demitir-se, no seguimento da publicação de um comunicado da PGR que o dava como sujeito a investigação pelo MP junto do STJ, por suspeita de delitos não identificados.
Nestes quatro meses, Costa não foi ouvido pelo MP nem lhe foi dada nenhuma informação sobre o processo, nem sequer sobre o crime de que é alegadamente suspeito. Por via do Observador - pelos vistos, órgão oficioso do MP -, mas sem confirmação oficial, ficou a saber que é suspeito de prevaricação no âmbito do processo Influencer.
Este longo silêncio do MP constitui manifestamente um inqualificável abuso de poder.
2. Escandalosamente, uma pessoa, prestes a deixar funções de primeiro-ministro (por nomeação de novo Governo), é mantida indefinidamente em suspenso quanto à sua vida pessoal, profissional e política, como refém político do Ministério Público.
Hoje mesmo, o influente semanário europeu Politico dedica um longo trabalho a António Costa e pergunta se ele será ilibado a tempo de poder ser candidato a presidente do Conselho Europeu, como muitos observadores vaticinavam antes do misterioso episódio que o vitimou há cinco meses. Pelos vistos, o MP não poupa esforços para impedir esse desenlace.
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