Notas Soltas - Dezembro/2005

EUA – A detenção de presumíveis terroristas, em locais secretos, sujeitos a actos de tortura, designados por «métodos inovadores», é um ultraje aos princípios do Estado de direito e à civilização de que nos reclamamos.

George W. Bush – No dia da milésima execução nos EUA desde a restauração da pena capital, em 1976, declarou que «apoia firmemente» a pena de morte. É coerente com a teoria da guerra preventiva e as suas convicções religiosas.

Venezuela – O populismo, mesmo de esquerda, é um caminho demagógico em direcção ao autoritarismo e à restrição das liberdades. O ódio a Bush e a vitória eleitoral não bastam para fazer de Hugo Chavez um democrata.

Irão – A sugestão do Presidente Mahmud Ahmadinejad de transferir Israel para a Europa e a negação do holocausto confirmam o ódio, o racismo e a xenofobia de que o fascismo islâmico está imbuído.

França – No dia 9 comemorou-se o 1.º centenário da lei da separação da Igreja e do Estado, que garante a liberdade religiosa e impede o Estado de reconhecer, remunerar ou subvencionar qualquer culto. É o melhor paradigma de um Estado laico.

Tony Blair – O Reino Unido é o grande obstáculo à desejada integração social da Europa. Blair talvez seja o mais europeu dos britânicos mas é também o mais americano dos europeus.

Angela Merkel – A nova chancelerina alemã revelou enorme determinação e deve-se-lhe, em boa parte, a ausência de um fracasso do orçamento comunitário. Talvez a temida ultraliberal se revele uma estadista com a dimensão de Helmut Koll.

Orçamento comunitário – A vitória da diplomacia portuguesa na obtenção de fundos não esconde o débil interesse da União Europeia na coesão social. Ainda não foi superado o rude golpe do «Não» francês e holandês ao respectivo tratado.

TGV – Os adversários das linhas Lisboa/Madrid e Lisboa/Porto são os mesmos que aprovaram cinco, três sem racionalidade económica, assinadas por Durão Barroso e Aznar.

Chile – A vitória na primeira volta das eleições presidenciais de uma mulher, de esquerda, mãe solteira, divorciada, ateia e filha de um general assassinado pelo Governo de Pinochet, foi uma afronta para os saudosistas de Pinochet.

Iraque – A invasão sem “casus belli” não foi acção humanitária, foi ingerência imperial. A participação maciça no processo eleitoral não traz a solução nem legitima a invasão que dificulta agora a contenção da teocracia iraniana. Mas é um passo positivo.

América Latina – Em 2006 define-se o mapa político onde se digladiam a opção tranquila e moderada de Lula – pesem embora os escândalos –, e a populista e agressiva de Chavez, cada vez mais popular, contra forças abertamente reaccionárias.

Condolezza Rice – A pia secretária de Estado critica a fuga de informações sobre escutas e torturas mas cala-se perante a ilegalidade de Bush que decidiu os actos que comprometem a democracia e ferem a civilização.

Israel – O precário estado de saúde do primeiro-ministro Ariel Sharon, um líder convertido à diplomacia, é um factor de fragilidade acrescida no complexo processo de paz que as divergências israelo-árabes sistematicamente comprometem.

Espanha – Nem a crispação atiçada por forças reaccionárias conseguiu desviar Zapatero das reformas, algumas de cunho francamente inovador, com as contas públicas a registarem saldo positivo (1%) e um crescimento económico a rondar os 3,5%.

Ecologia – Um ano após a tragédia do maremoto asiático é tempo de as grandes potências reverem o modelo económico que aumenta a frequência e dimensão de catástrofes e põe em causa o futuro do Planeta.

Jorge Sampaio – Cidadão e democrata exemplar, prestes a terminar uma década como presidente da República, é justo reconhecer-lhe a isenção e postura de Estado bem como a cultura, inteligência e patriotismo com que prestigiou Portugal.

António Guterres – O ex-primeiro-ministro, cujo primeiro mandato foi o melhor da nossa história recente, foi escolhido como personalidade portuguesa do ano pela Ass. da Imprensa Estrangeira em Portugal num acto de apreço pelo Alto Comissário da ONU para os Refugiados.

Ásia – A China e o Japão têm manifestado uma crescente animosidade recíproca que se torna inquietante face ao poderio económico e às rivalidades históricas das duas grandes potências.

Eleições presidenciais – Nunca tantos se expuseram tanto na pré-campanha. Os grandes grupos económicos, e a comunicação social que controlam, conduzem o processo eleitoral que, até à data, tem sido o mais desinteressante de sempre.

aesperanca@mail.telepac.pt

Comentários

andrepereira disse…
Bom resumo.
Feliz 2006 a todos os leitores do Ponte Europa
Anónimo disse…
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