Política à portuguesa
José António Saraiva publicou hoje a sua última crónica com o título em epígrafe. Como ele diz, as suas crónicas não tinham por objectivo agredir ninguém. E é verdade.
Escreveu coisas interessantes e boas mas, frequentemente, as interessantes não eram boas e as boas não foram interessantes.
Foi a voz atípica de uma direita descolorida, o propagandista envergonhado do PSD, o monárquico desavergonhado e o devoto do rei... de Espanha.
Os arquitectos consideraram-no sempre um bom jornalista e os jornalistas lamentaram que tivesse deixado a arquitectura. Leitores de direita viram nele uma voz conveniente e os de esquerda um adversário educado e impenitente.
No fundo era um jornalista cinzento e conservador, o que lhe garantiu uma invulgar longevidade como director, que hoje finda, de um órgão que a deriva de direita não destronou de um lugar de referência na comunicação social portuguesa.
O Expresso antecipou o fim da ditadura e ganhou aí a sua credibilidade. Continua uma referência do jornalismo português e o repositório do que de mais importante se passou em Portugal nas últimas décadas.
Convertido em jornal de campanha de Cavaco Silva, sem perder o pluralismo que desde o número 0 (zero) é seu timbre, o Expresso deixa vago o espaço para uma experiência simétrica à esquerda.
Não sei se há viabilidade económica mas é urgente encontrar uma alternativa de sinal contrário.
Quanto a José António Saraiva desejo-lhe naturalmente felicidades.
Comentários
«Num tempo em que o mal-dizer, a calúnia, a inveja e a ignorância abundam é reconfortante e encorajador ver duas personalidades que se dedicam com elevação à causa pública.» André Pereira dixit
Ahahahahahah!
Mais tarde ou mais cedo, acabam por fechar!
POR QUE SERÁ?
Só existe, que eu saiba, a Rádio Renascença apoiada pela publicidade de pios empresários.
O «Jornal» teve uma vida próspera durante algum tempo.