As eleições na Madeira

Alberto João Jardim, entrou na fase terminal, a caminho de uma saída sem honra nem glória. Manteve a maioria absoluta, já com menos de 50% dos votos, e não tardará a ver as famílias que gravitavam na sua órbita à procura de novo protector.

O PS foi o grande derrotado. Com apenas 6 deputados, num total de 47, tornou-se uma irrelevância local donde terá dificuldade em sair para a conquista do poder autonómico.

O CDS é o grande vencedor e o perigoso Paulo Portas, hábil a tirar partido do aparelho de estado, não deixará de colocar sob tensão o PSD nacional.

O carnaval madeirense começou com o antigo salazarista e vai terminar com ele. A dívida colossal não vai encontrar o Continente, que Jardim tanto despreza, como eterno pagador. Quarenta e sete deputados, num universo minúsculo, permite eleger deputados a partidos exóticos e colocar na Assembleia Regional personalidades circenses.

Com onze câmaras, 47 deputados e uma população dependente do poder autonómico criou-se uma forma de tornar insustentável uma região equivalente ao concelho de Sintra.

Os métodos semelhantes aos usados nos concelhos de Gondomar, Oeiras  e Felgueiras não podem durar. Aqui ou lá. Cabe ao Governo e aos deputados da República meter nos eixos a região onde um cacique se eternizou.

Comentários

e-pá! disse…
Os resultados das eleições regionais da Madeira vão, em primeiro lugar, criar graves (se não insolúveis) problemas ao Governo da República.

O País (de que a Madeira é parte) está condicionado por um programa de auxílio externo que, como é do conhecimento de experiência feito (e por fazer) tem pesadas contra-partidas.
Portanto, a divída contraída pela Madeira (que foi mantida oculta para os portugueses) para a Troika deverá integrar os planos de equilibrio orçamental (já este ano!). Ponto final.

Esta situação vai determinar ajustamentos (de última hora) no plano de resgate, vai intensificar medidas de austeridade, vai, enfim, empolar os sacrificios.

Do discurso de vitória de Alberto João Jardim vieram os primeiros sinais de rejeição (para a Madeira) de medidas de austeridade e de rigor orçamental que impeçam o crescimento da dívida e resolvam os problemas orçamentais criados.

Começa aqui um grave (e neste monento não dimensionável) problema de coesão e de solidariedade nacional... que o Governo terá dificuldades em lidar até pelo resultado obtido - nestas eleições regionais - pelo CDS/PP, a partir de hoje, um candidato à alternância política insular, logo, um futuro e forçado herdeiro dos problemas relativos à dívida da Madeira...

Esperemos, portanto, que a "questão da Madeira" não acabe - perante a complacência do PR - por, em última análise, desestabilizar o Governo da República...

Uma coisa é certa. Perante o quadro político que foi evoluindo nestes últimos tempos, os portugueses não dispensarão o conhecimento rigoroso do plano de ajustamento que Passos Coelho vai negociar com o Governo Regional, que, como sabemos, acaba de ser legitimado, mas não sendo novo, integra os responsáveis pela génese e ocultação da dívida.
Esta é a preversão política resultante da chicana que o Governo da República se meteu recusar-se a adiantar aos portugueses o quadro e o âmbito dos ajustamentos a efectuar na Madeira.
Esta "encolha" terá custos políticos elevadíssimos (cumulativos com dimensão da dívida oculta da Madeira a contabilizar no defice deste ano)...

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