Todos têm direito ao seu disparate. Este é um, e dos grandes, de Saramago. Só um olhar muito superficial permite fazer aquela afirmação. Toda a gente vê que a Europa está a ficar "ateia". Deus resiste como reminiscência, numa sociedade que quer construir o paraíso "aqui e agora". Só "vai a Fátima" quando a farmácia não tem o remédio. Para esta Europa, Deus é uma hipótese académica, "algo" para além do que conhecemos, mas longe de ser a motivação para a vida. Outra coisa é a religião e os seus deuses serem explorados pelos espertalhões para domesticar as massas mantidas na ignorância e na opressão. O erro trágico, autêntico jackpot do euromilhões para o capitalismo, foi a colagem do marxismo ao ateismo científico e filosófico, insultando a reverência ancestral dos humanos pelo "desconhecido", o qual, quer no imaginário, quer no sentimento e na percepção, permanece como ùltimo recurso e última esperança, quando tudo falha nas espectativas do homem. Custa ver tanto primarismo num prémio Nobel da literatura.
Se puder, Carlos Esperança, cite-me uma única referência de Saramago condenando o uso criminoso de Deus na "guerra santa" islâmica, para matar "infiéis", num retrocesso civilizacional sem paralelo no mundo cristão, por exemplo. E depois: as últimas duas grandes hecatombes, as guerras mundiais, tiveram motivações religiosas ou "laicas". E os grandes impérios antigos tiveram motivações religiosas ou os deuses eram,na verdade, apenas invocados como protectores das campanhas militares? Saramago devia considerar estes factos e não fazer aquela generalização que não tem suporte na história humana.
O nazismo, sendo embora um fenómeno secular, deve muito ao anti-semitismo cristão. Não foi por acaso que o clero protestante e católico forneceu, na sua imensa maioria, os atestados de batismo dos crentes. Por exclusão, encontraram esse «ninho de víboras» (judeus) assim designados, na Bíblia e por Hitler.
E o nazismo, racista e xenófobo, esteve na origem da guerra.
Quanto ao fascismo islâmico não me recordo de Saramago o ter referido mas engloba-o na frase que citei, tal como ao sionismo.
«Agora, com pena o digo, não tenho qualquer dúvida que [Marcelo Rebelo de Sousa] vai ficar na História como o pior presidente de todos». (Lida no blogue Causa Nossa, Vital Moreira)
Ramalho Eanes referiu como trágica a descolonização em que «milhares de pessoas foram obrigadas a partir para um país que não era o seu». Tem razão o ex-PR cujo papel importante na democracia e o silêncio o agigantou depois da infeliz aventura por interposta esposa na criação do PRD e da adesão à Opus Dei, sempre por intermédio da devota e reacionaríssima consorte, que devolveu o agnóstico ao redil da Igreja. Eanes distinguiu-se no 25 de novembro, como Dinis de Almeida no 11 de março, ambos em obediência à cadeia de comando: Costa Gomes/Conselho da Revolução . Foi sob as ordens de Costa Gomes e de Vasco Lourenço, então governador militar de Lisboa, que, nesse dia, comandou no terreno as tropas da RML. Mereceu, por isso, ser candidato a PR indigitado pelo grupo dos 9 e apoiado pelo PS que, bem ou mal, foi o partido que promoveu a manifestação da Fonte Luminosa, atrás da qual se esconderam o PSD e o CDS. Foi nele que votei contra o patibular candidato do PSD/CDS, o general Soares...
Comentários
"Guerras religiosas são, basicamente, pessoas matando-se para decidirem quem tem o melhor amigo imaginário...
Outra coisa é a religião e os seus deuses serem explorados pelos espertalhões para domesticar as massas mantidas na ignorância e na opressão.
O erro trágico, autêntico jackpot do euromilhões para o capitalismo, foi a colagem do marxismo ao ateismo científico e filosófico, insultando a reverência ancestral dos humanos pelo "desconhecido", o qual, quer no imaginário, quer no sentimento e na percepção, permanece como ùltimo recurso e última esperança, quando tudo falha nas espectativas do homem.
Custa ver tanto primarismo num prémio Nobel da literatura.
Há certamente mais primarismo nos fabricantes de milagres que alimentam a indústria da santidade.
E depois: as últimas duas grandes hecatombes, as guerras mundiais, tiveram motivações religiosas ou "laicas". E os grandes impérios antigos tiveram motivações religiosas ou os deuses eram,na verdade, apenas invocados como protectores das campanhas militares?
Saramago devia considerar estes factos e não fazer aquela generalização que não tem suporte na história humana.
O nazismo, sendo embora um fenómeno secular, deve muito ao anti-semitismo cristão. Não foi por acaso que o clero protestante e católico forneceu, na sua imensa maioria, os atestados de batismo dos crentes. Por exclusão, encontraram esse «ninho de víboras» (judeus) assim designados, na Bíblia e por Hitler.
E o nazismo, racista e xenófobo, esteve na origem da guerra.
Quanto ao fascismo islâmico não me recordo de Saramago o ter referido mas engloba-o na frase que citei, tal como ao sionismo.