D. João V, Alberto João Jardim e outros biltres.
António José da Silva, o Judeu, foi um escritor e dramaturgo que sofreu as torturas da Inquisição mas, contrariamente a outros membros da sua família, teve a sorte de ser garrotado antes de ser queimado, em auto-de-fé.
Este iluminista era provavelmente judeu, uma abominação que
o Concílio de Trento, antecipando-se a Hitler, desejou erradicar, numa época em
que a Igreja católica não admitia a incineração dos mortos, talvez porque a
destinava aos vivos suspeitos de heresia, bruxaria, judaísmo e outras abominações.
O Judeu, como era conhecido, chamou ao senhor D. João V «grande
governador da Ilha dos Lagartos», labéu que não merecia um rei magnânimo que mandou
fazer para Mafra um sino de 10 mil quilos e dois carrilhões com mais de 200
toneladas. O esmagamento das mãos foi o aviso para tal ousadia, embora a
solução final lhe estivesse reservada.
O que chamaria hoje ao Governador da Ilha das Bananas, um
pequeno arquipélago de 300 mil habitantes, situado no continente africano, e
que ao futebol, à Igreja e às festas tem dado o apoio que lhe garantiu perpetuar-se
no cargo, por eleições, e tornar-se o mais antigo governante africano?
Alberto João Jardim
concedeu em dez anos cerca de 100 milhões de euros em subsídios a obras e
instituições religiosas embora, como é seu hábito, mesmo para fins piedosos,
grande parte esteja por pagar. Claro que o velho salazarista não compreende o
que é a laicidade e, daí, que se tenha comprometido com 3,5 milhões de euros
para a igreja do Livramento, no Funchal, enquanto o Centro Regional de
Segurança Social entraria com meio milhão de euros e a Câmara do Funchal com
325 mil. Pode não haver comida para os mendigos da Madeira mas não faltam casas
para o serviço divino.
No último domingo, 24 de junho, foi inaugurada mais uma
imponente igreja na Calheta pois os fiéis cansaram de rezar sempre na mesma. A
igreja do Atouguia foi benzida pelo Sr. Bispo, que presidiu à cerimónia, e
lançou incenso às pituitárias do presidente do Governo Regional, do presidente
da Câmara, do pároco e do Sr. Duarte Pio, alegado pretendente ao imaginário
trono de Bragança que, talvez à falta de sacristão autóctone, foi importado do
Continente.
O Governo
Regional, dada a folga orçamental, comprometeu-se com 1.000.000 de euros e a
Câmara Municipal com 300.000 e, assim, foi Deus servido de dispor de mais
857,6 m2 de área coberta ao serviço da fé de Roma, da autoria do arquiteto do
costume.
Ponte Europa / Sorumbático
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