Notas Soltas - maio de 2012


1.º de maio – A decisão de uma cadeia de supermercados de reduzir os preços em 50%, em compras superiores a 100 €, foi uma ofensa gratuita aos trabalhadores e a forma grotesca de escarnecer as lutas sindicais que, desde 1886, lutam pela dignificação do trabalho.

França – A vitória de Hollande abre uma janela de oportunidades para suavizar a austeridade e a violência das medidas tomadas em Portugal com um novo rumo para a Europa solidária que os seus fundadores sonharam.

Grécia – O desespero fez perder o tino ao eleitorado e as eleições, longe de terem contribuído para uma solução, agravaram o problema cuja saída será sempre traumática para os gregos e imprevisível para a Europa. A reincidência não vai alterar a tragédia.

Alemanha – As derrotas do partido da senhora Merkel nas eleições estaduais são um bom prenúncio para o inevitável fim de ciclo. O liberalismo económico, responsável pelo colapso das economias, tem sido o beneficiário eleitoral das desgraças que criou.

Forças Armadas Portuguesas – As restrições orçamentais colocam os três ramos praticamente inoperacionais. As aviões não voam, os barcos não navegam e os tanques param. Podiam vender-se os submarinos, ainda novos, e com comissões já recebidas.

Desemprego – Os números dramáticos, que não param de aumentar, não são uma oportunidade, são uma tragédia que a austeridade não resolve e para a qual não se veem medidas nem solução.

Sistema de Informações da República – A promiscuidade entre um serviço que devia pautar-se por elevados padrões éticos, ao serviço da República, desacredita-se internacionalmente e torna-se um perigo interno, ao serviço da luta partidária.

Governo Francês – A redução de 30% nos vencimentos e a paridade de género – 17 homens e 17 mulheres – são medidas simpáticas e justas. Já o regresso da idade da reforma para 60 anos é uma medida perigosa para o futuro da Segurança Social.

Madeira – O deputado autóctone, Coito Pita, ameaçou mais uma vez com a independência da Madeira. Apesar do alívio que representaria para as contas públicas, trata-se de um crime que não pode ser ignorado pelo PR, PM e Tribunais.

Hospitais Militares – Finalmente foi aprovado um hospital militar único. Parecia que o corpo humano tinha órgãos e doenças diferentes consoante o ramo das Forças Armadas de cada militar.

Vaticano – A divulgação de documentos secretos, que põem em xeque a Cúria romana, conduziu à prisão do mordomo do Papa e à demissão o diretor do Banco da Santa Sé. É um escândalo colossal que arrasa a já débil confiança no pequeno Estado.

Itália – A corrupção no futebol lançou a consternação e a vergonha no país, com vários casos a revelarem a combinação prévia de resultados, à medida dos interesses dos apostadores. Em Portugal, o processo «apito dourado» mostrou que não somos a Itália.

Síria – O Conselho de Segurança da ONU condenou mais um massacre  de 108 mortos e 300 feridos civis, desta vez incluindo a Rússia, tradicional aliada da Síria. Até quando se tolera a chacina sistemática de um povo para manter equilíbrios estratégicos?

Egito – Eleições realizadas em contexto religioso nunca conduzem à democracia e facilmente legitimam regimes que trocam uma constituição laica pela sharia. Entre um cúmplice do ditador derrubado e um Irmão Muçulmano escolha o Diabo.

Pinto Balsemão – A devassa da vida privada do velho jornalista e ex-primeiro-ministro, por agentes secretos, é uma infâmia que envergonha Portugal, compromete a tutela e põe em causa o Estado de direito e os mais elementares direitos dos cidadãos.

BPN – As acusações à deficiente vigilância do Banco de Portugal e a discussão das medidas tomadas pelo ministério das Finanças escondem os autores dos crimes atrás das entidades de supervisão bancária.

FMI – A instituição tem sido gerida por pessoas certamente muito competentes mas o último diretor enredou-se em escândalos sexuais e a atual, Christine Lagarde, perdeu a oportunidade de calar a insensibilidade perante a fome das crianças gregas.

Silva Carvalho – O espião que trocou a ética pelos negócios, enlameou a honra de um ministro e trouxe à memória os métodos usados pela PIDE. A sua conduta denegriu os serviços que chefiou e debilitou o Governo.

Monumento ao 25 de Abril em Almeida – Deve-se à Câmara Municipal o Monumento a inaugurar no dia 2 de Julho, dia do feriado municipal. Este executivo honrou a data  mais importante das nossas vidas e o seu gesto fará história.

Comentários

e-pá! disse…
DesempregoOs números dramáticos, que não param de aumentar, não são uma oportunidade, são uma tragédia que a austeridade não resolve e para a qual não se veem medidas nem solução...

CE:
Que a austeridade não resolve, é favor!

Ou não será (o desemprego) consequência de uma austeridade (necessária mas desajustada)?

Como nos ensinam os clássicos as tragédias, desde a Grécia antiga, vivem de 'mitos'...
Anónimo disse…
"Síria – O Conselho de Segurança da ONU condenou mais um massacre de 108 mortos e 300 feridos civis, desta vez incluindo a Rússia, tradicional aliada da Síria. Até quando se tolera a chacina sistemática de um povo para manter equilíbrios estratégicos?"


oh... os terroristas a soldo da Arabia Saudita e NATO promovem massacres na Siria e ninguem diz nada....

o rei do Bahrein pisa no povo... mas... "tudo bem"... o Bahrein sedia a Formula-1...

Assad nao passa de um bode expiatorio na geopolitica atual.
é um "Galileu" na geopolitica atual.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides