Tecnoforma – depois do Tecno-silêncio, o Tecno-esquecimento
Em 14 de novembro, a jornalista Joana Almeida escreveu que a PGR ponderava reabrir o processo instaurado contra a Tecnoforma, arquivado em setembro por falta de provas que o inquérito da Comissão Europeia encontrou e levou à exigência da devolução de 6.747.462 euros indevidamente atribuídos por Miguel Relvas à empresa então gerida por Passos Coelho.
Imagino o alarido de Assunção Cristas se o caso envolvesse uma celebridade do PS e os uivos que debitaria se fosse alguém do BE ou do PCP. No PSD, as segundas figuras em exercício regougariam impropérios, o próprio Cavaco suspenderia a defunção política, a anunciar um Roteiro dedicado e a destilar o ódio que lhe provoca insónias e passos agitados nas marquises da casa da Travessa do Possolo. A própria PGR já teria serenado os portugueses a anunciar que a ponderação que fizera a levara a reabrir o processo.
A comunicação social teria entrevistado Miguel Relvas, Passos Coelho e o próprio PR, em vez de se excitar com declarações de João Soares, a designar Paulo Portas como o melhor ministro da Defesa, uma tolice ou ato de humor negro para com o comprador de dois submarinos, um para subir e outro para descer, coberto de glória no envio célere de um navio de guerra para defender a costa da Figueira da Foz contra o barco de mulheres fortemente municiadas de pílulas abortivas.
O elogio do ex-presidente da Câmara de Lisboa, filho de Mário Soares, a Paulo Portas é mais relevante do que as conclusões do gabinete antifraude da CE (OLAF) que, em 2015, concluiu que “foram cometidas graves irregularidades, ou mesmo fraudes, na gestão dos fundos europeus” atribuídos aos projetos da Tecnoforma, só reveladas em 13 de novembro deste ano, pelo Público, depois de exigida a devolução de 6.747.462 euros que hão de ser pagos pelos contribuintes, sem reabertura do processo e apuramento do crime.
A direita anda à solta e goza de im(p)unidade. Quanto maior for o silêncio mais rápido será o esquecimento. A esquerda merece que Mário Centeno seja substituído por Maria Luís, e António Costa por Passos Coelho, Santana Lopes ou Rui Rio.
Não se percebe o silêncio da esquerda, enquanto esta direita trauliteira anda em delírio persecutório numa demolidora campanha reacionária, com total conivência mediática, e a achincalhar a comemoração do 2.º aniversário do Governo, com ‘figurantes’, como se o mesmo modelo não tivesse sido usado no anterior governo e nos que o precederam.
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