Tejero Molina, o fantoche tardio do franquismo - 23 de fevereiro

Em 1981, o grotesco tenente-coronel fascista, cúmplice de generais amigos do rei Juan Carlos e seus devotos admiradores, irrompeu no hemiciclo do Congresso dos Deputados com militares armados, ali onde a hesitante democracia dava os primeiros passos, após a morte do genocida Francisco Franco, para derrubar o Governo.

Julgava-se que esse fracasso era o canto do cisne do fascismo espanhol cujo cadáver ficaria aí, no seu risível fracasso, definitivamente enterrado, e foi apenas o cadáver insepulto que agora emerge numa democracia débil onde o franquismo hibernou para reaparecer através do voto e das cumplicidades que se mantiveram no trono, no altar e nos órgãos da soberania.

Há trinta e oito anos, depois da ordem para que todos os deputados se deitassem no chão e da rajada de metralhadora, ficou a imagem do deputado Santiago Carrillo, que permaneceu no seu assento, do presidente Suárez e do general Gutiérrez Mellado a admoestar o tosco militar e a manter-se de pé, como os únicos que resistiram heroicamente à ordem.

Afinal, o fascismo não morreu e tem VOX, com a cumplicidade descarada da direita, que nunca deixou de ser franquista.

Do Vale dos Caídos vem o cheiro fétido de um cadáver mal enterrado e que urge ser exumado. Não é apenas a democracia espanhola que está doente, é o fascismo que ressuscita por todo o mundo, esquecidos os povos da tragédia e as novas gerações sem imaginarem o sofrimento da que as precedeu.

É preciso não esquecer.

Apostila – Seis anos depois, no dia de hoje, morreu Zeca Afonso, a voz que cantou a liberdade. Há duas horas, Rui Pato lia cartas do cantor que fazem parte do seu espólio pessoal e que deve publicar. A homenagem ao Zeca avivou-me a memória  para a tragédia do povo irmão e o dia aziago.

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