O consumo e a sobrevivência do Planeta
Há muito que os recursos do Planeta vão sendo consumidos cada vez mais cedo, em cada ano, e não há uma única medida para inverter esta situação, que só pode conduzir à catástrofe.
Segundo os cálculos da organização “Global Footprint Network”, os recursos para este ano ter-se-iam esgotado ontem, se todos os países consumissem como a média dos portugueses. (Jornal Económico com Lusa, 24 de maio 2020)
Vale a pena refletir sobre estes dados, habituados a comparar Portugal com os escassos países mais ricos, e ignorando, com indiferença, os milhares de milhões de pessoas que morrem de subnutrição, sem contar as vítimas das guerras pela apropriação de matérias-primas que asseguram o bem-estar dos países mais ricos.
Em primeiro lugar, o que está em causa é a inviabilidade do Planeta, a caminho de 8 mil milhões de pessoas e com capacidade de sustentar menos de 3 mil milhões. Depois vem o fosso abissal que separa os países ricos dos países pobres e, dentro de cada um, o que separa pessoas ricas e pessoas pobres.
Não é preciso ser génio para ver a insustentabilidade do atual modelo económico, ainda que não se conheça outro melhor, e, sobretudo, a absoluta irresponsabilidade com que as pessoas se habituaram a tomar os coelhos como modelo da perpetuação da espécie.
Tomando o caso de Portugal, dado que é normal responsabilizar o Mundo ou a alegada vontade divina pelas tragédias, podemos concluir que estamos a consumir recursos dos nossos filhos e netos, indiferentes à herança que lhes deixamos.
A transição da sociedade de consumo, que assegura postos de trabalho e a subsistência dos que hoje vivem, para uma sociedade onde vivam e sejam felizes os que couberem, é o desafio que a Humanidade enfrenta. Não é uma utopia, é uma necessidade absoluta.
Quem seriamente pensa no ar, na água, nos alimentos, na saúde e na sobrevivência dos que não pediram para vir e a quem, levianamente, gastamos hoje o que lhes vai faltar? A bomba demográfica parece não assustar ninguém, mas os vírus ou as bactérias podem ser a mixomatose dos humanos, capaz de adequar a população aos recursos planetários.
Dificilmente alguém sonhará com um planeta alternativo, mas é surpreendente como se viva sem respeito pelo ambiente, sem solidariedade com os outros nem mesmo com os que gerámos.
O Planeta pode existir ainda durante alguns milhares de milhões de anos, mas o homem poderá ser dos próximos animais a extinguir-se.
Segundo os cálculos da organização “Global Footprint Network”, os recursos para este ano ter-se-iam esgotado ontem, se todos os países consumissem como a média dos portugueses. (Jornal Económico com Lusa, 24 de maio 2020)
Vale a pena refletir sobre estes dados, habituados a comparar Portugal com os escassos países mais ricos, e ignorando, com indiferença, os milhares de milhões de pessoas que morrem de subnutrição, sem contar as vítimas das guerras pela apropriação de matérias-primas que asseguram o bem-estar dos países mais ricos.
Em primeiro lugar, o que está em causa é a inviabilidade do Planeta, a caminho de 8 mil milhões de pessoas e com capacidade de sustentar menos de 3 mil milhões. Depois vem o fosso abissal que separa os países ricos dos países pobres e, dentro de cada um, o que separa pessoas ricas e pessoas pobres.
Não é preciso ser génio para ver a insustentabilidade do atual modelo económico, ainda que não se conheça outro melhor, e, sobretudo, a absoluta irresponsabilidade com que as pessoas se habituaram a tomar os coelhos como modelo da perpetuação da espécie.
Tomando o caso de Portugal, dado que é normal responsabilizar o Mundo ou a alegada vontade divina pelas tragédias, podemos concluir que estamos a consumir recursos dos nossos filhos e netos, indiferentes à herança que lhes deixamos.
A transição da sociedade de consumo, que assegura postos de trabalho e a subsistência dos que hoje vivem, para uma sociedade onde vivam e sejam felizes os que couberem, é o desafio que a Humanidade enfrenta. Não é uma utopia, é uma necessidade absoluta.
Quem seriamente pensa no ar, na água, nos alimentos, na saúde e na sobrevivência dos que não pediram para vir e a quem, levianamente, gastamos hoje o que lhes vai faltar? A bomba demográfica parece não assustar ninguém, mas os vírus ou as bactérias podem ser a mixomatose dos humanos, capaz de adequar a população aos recursos planetários.
Dificilmente alguém sonhará com um planeta alternativo, mas é surpreendente como se viva sem respeito pelo ambiente, sem solidariedade com os outros nem mesmo com os que gerámos.
O Planeta pode existir ainda durante alguns milhares de milhões de anos, mas o homem poderá ser dos próximos animais a extinguir-se.
Comentários
Caro Carlos
Esta é uma das vezes em que não convirjo consigo. È verdade que não são muitas, até são poucas vezes. Mas dizer que não conhece outro modelo alternativo àquele que ameaça a sobrevivência do planeta é inapropriado. Com efeito, o planeta equilibrado que quer deixar aos nossos filhos e netos é possível com o socialismo, numa primeira fase, e, seguidamente, o comunismo. Esse é, de resto, um sonho milenar pelo qual se bateram, e morreram, os melhores filhos que a humanidade produziu. Ora, o Carlos parece ter perdido a Esperança na chegada desse dia. Em consequência, parece ter adoptado uma espécie de neo-malthusianismo. E fico chocado, pois não foi a isso que me habituei na leitura do seu link (?)onde, francamente, senti que ficava a saber mais, por duas razões: Primeira, as reservas não expressas sobre o socialismo. Ainda se fossem sobre o socialismo capitalista de Soares, eu perceberia e convergiria. Segunda, a "convergência" com Bilderberg e Gates para a "redução" (???!!!) da população mundial. Fora isto, o texto está bem, digo, agrada-me.
João Pedro, com estima e consideração.
O Socialismo Real, João Pedro, deixou um rasto de destruição ambiental, despotismo e morte nos lugares onde aportou. O futuro não passa por ele, certamente.
Agora, quem tece loas ao criminoso Estaline certamente que nunca será capaz de reconhecer tal coisa...
Oh Jaime, trate-se… Então vocês deixam o planeta neste estado e depois culpam o Marechal Staline pelos vossos desmandos contra o planeta azul. Mas você persiste em aplicar as receitas do século XVIII em nome da modernidade ???!!! O futuro não passa por aí, o futuro não passa por pessoas como o Jaime, que têm dificuldade em disfarçar o seu cripto-fascismo.
Assim o determino e mando publicar !
João Pedro
Ainda bem que nem sempre estamos de acordo. Vivi 31 anos em ditadura e nunca me viu defender partidos únicos.
Gostava que me apresentasse uma única experiência socialista que nos sirva de paradigma.
Quer por ordem ? Aí vai… URSS, China, Cuba, Vietnam… O mainstream, naturalmente, diz que não: Oh horror dos horrores !!! A verdade oficial também me isola. O pensamento único, idem, idem… Mas que sentido têm os 31 anos em ditadura se o Carlos mistura a ditadura terrorista da burguesia (o fascismo) com a ditadura da burguesia e a ditadura do proletariado. Ora, concluo, o Carlos rejeita, sem margem para dúvidas, a ditadura terrorista da burguesia. Mas entre a ditadura da burguesia (a chamada democracia liberal, ou ocidental, ou capitalista, etc ,tantos são os nomes vulgares postos à dita, a escolha é sua) ) e a ditadura do proletariado (a chamada democracia popular ou socialista), son coeur balance … Pois olhe, Carlos, eu não tenho dúvidas em escolher a ditadura do proletariado que é 1 milhão de vezes mais humana que a mais livre das ditaduras burguesas. Embora com esta afirmação sinta já o crepitar de novas fogueiras, devo dizer-lhe que o compreendo: Quando um de nós tem por referência figuras como Mário Soares (um político que não mora no coração do povo, como se viu no respectivo funeral), e outra, como Àlvaro Cunhal (um homem para a eternidade) percebe-se que há momentos em que nos separamos…
João Pedro, com estima e consideração.
Apetece-me atirar-lhe ainda com aquilo que disseram os social-democratas alemães Kurt Schumacher ou Ernst Reuter sobre o Estalinismo. Mas não o vou fazer porque a diferença entre os crimes dos nazis e do comunismo pode não ser de grau, mas é-o certamente quando falamos nos objectivos das duas doutrinas.
Quem, como eu disse, canta loas a Estaline não dá lições de democracia a ninguém, nem vem cá com discursos sobre as alternativas ao capitalismo. Aliás, a sua preferência por ditaduras, sejam do proletariado ou outras, diz tudo.
Uma coisa lhe posso garantir. Se Mário Soares combateu o comunismo quando foi preciso, os democratas cá estarão para combater as novas ameaças, venham elas de onde vierem...
E quanto à sugestão de que eu devo procurar ajuda médica, é natural que a faça, não é? Era isso que se fazia aos dissidentes na URSS na era Brezhnev, não era? Se não concordas que isto é o sol na terra, vais para o hospital psiquiátrico, sempre é melhor que o Gulag.
Sabe, como Helmut Schmidt dizia, quem tem visões é que deve ir ao médico...
https://expresso.pt/politica/2020-05-28-Dirigente-do-PCP-nega-que-haja-repressao-em-Hong-Kong-e-critica-media-por-abafarem-fabuloso-desenvolvimento-da-China
Jaime Santos:
"(…) os democratas cá estarão para combater novas ameaças, venham elas de onde vierem… " Grande mentira, Jaime Santos. Os "democratas" a que se refere apenas combateram a "ameaça" comunista. Nunca os vi a combaterem, consistentemente, as outras ameaças, designadamente a ameaça fascista. Foram-na suportando, sem se mexerem muito...
Que grande regime é a China, campeã das violações de direitos humanos, que tem um modelo de crescimento tão prodigioso que põe em causa o próprio meio ambiente. Realmente, o capitalismo não é verde, é cinzento, só que o Socialismo Real ainda o é mais...
Os comunistas estão hoje reduzidos a uma seita quase-religiosa e ainda julgam que a sua contribuição na luta contra o Fascismo lhes deveria ter dado direito de veto sobre o modelo de regime após o 25 de Abril.
A maioria dos Portugueses, expressando a sua vontade em eleições livres, não concordam com esta via. É a vida.
Pior, agora parece que também acreditam que escapam incólumes ao covid-19. O Trofim Lysenko também acreditava na teoria dos caracteres adquiridos e que conseguiria fazer crescer trigo no gelo...
Cuidado com a saúde dos militantes mais idosos na Festa do Avante, só lhe posso pedir. Abomino a doutrina que seguem, mas não lhes quero mal nenhum.
Jaime:
Quando eu me convencer que o Jaime está preocupado com a saúde de milhões de portugueses idosos a viverem abaixo do nível de pobreza poderei levar a sério a sua preocupação com a saúde dos militantes mais idosos na Festa do Avante! Grupo, de resto, onde me encontro há alguns anos. Como não estou convencido também da sua preocupação com a democracia, os direitos humanos, o meio ambiente. Você não quer ver - e o pior cego é o que não quer ver - que é o modelo que apoia que é o causador de todos os males que o Mundo vive. Que é um modelo que alimenta as guerras e delas vive. Olhe, vá a Fátima e peça que a Virgem o ilumine ! Por outro lado, não estamos reduzidos a qualquer seita. Isso, a existir, é lá para as suas bandas. Dirigimos, com sucesso, o país mais populoso do Mundo, com o apoio da sua nação milenar, na sua caminhada pacífica e triunfal para o bem da humanidade. Em breve, após Putin cumprir a sua missão, regressaremos ao poder no maior país do Mundo, a Santa Rússia, alargando, ao antigo espaço da União Soviética, numa política de Paz, Cooperação e amizade entre os Povos. E, naturalmente, chegaremos à nossa amada Pátria, ao serviço da qual sempre estivemos nestes quase cem anos de luta. O Jaime não tem esse curriculum. Isso é privilégio dos comunistas !!!
João Pedro
O meu caro começou logo por lhe cantar loas...
Sugiro-lhe pois que se quer parecer com um comunista, tem mesmo que estudar mais História...
E parece-me que será ainda mais improvável encontrá-lo na Atalaia em Setembro do que a mim :-) ...
Nós, os comunistas, temos história…
Por exemplo, nós orgulhamo-nos quando nos dizem seu comunista !
E o Jaime, orgulha-se quando lhe chamam o quê ? Fascista ? Liberal ? Social-democrata ? Coisa nenhuma ? Pois, sem referências, intelectual e culturalmente assumidas, o Jaime estiola… E nós, os comunistas, privilegiados dessa condição, proclamamos, orgulhosamente, virados ao futuro: Fomos, somos e seremos comunistas !!!
Herdeiros do que de mais valioso e humanista o pensamento europeu produziu nós temos Marx, Engels, Lenine, Álvaro Cunhal, o Nobel Saramago, Ary dos Santos, Lopes Graça, Manuel da Fonseca, Zé Gomes Ferreira e tantos, tantos outros que constituem um património cultural único. O que tem o Jaime para apresentar, em alternativa ? Sendo que, a indicar nomes, terá que os fazer como eu. Os nomes têm que pertencer a uma categoria. Assim: Fascistas; sociais-democratas; liberais; coisa nenhuma; outros...Não pode juntar todos os anticomunistas e apresenta-los como a sua herança, pois isso seria o reconhecimento da maior alarvidade intelectual. O desafio está lançado. Aguardo a resposta, sentado…
João Pedro
Ou cantar loas directamente a Estaline, coisa que alguns comunistas se calhar gostariam de fazer, mas sabem que não podem, depois de Krushchev ter trazido para a narrativa oficial os crimes do Papá dos Povos (esquecendo a sua própria cumplicidade neles, claro).
É natural que isto aconteça nesta altura, quando as respostas populistas de um Trump, Johnson ou Bolsonaro falham ao comprido contra a pandemia. Estes senhores e as nossas versões caseiras têm que encontrar bodes expiatórios para a sua incompetência e muito naturalmente recicla-se o perigo amarelo e o perigo vermelho.
Assim, aparecem umas figuras anónimas como o João Pedro a agitar a bandeira vermelha para tornar a acusação contra o 'Marxismo cultural' e outras tretas mais convincente.
Não me leve a mal, os crimes do comunismo merecem ser denunciados pelo respeito às suas vítimas (tal qual os crimes do salazarismo), ou o comportamento pouco transparente da China relativamente à pandemia, que pode ter custado muitas vidas, nomeadamente em Itália.
Mas o que eu não vou fazer é perder o meu tempo a denunciá-los a um falso comunista com uma agenda provavelmente sinistra. Como lhe disse, se se quer fazer passar por comunista, tem que se preparar melhor...
Passe muito bem...
Não vale a pena continuar esta conversa enquanto não responder ao meu desafio. Só então lutaremos com armas iguais, sem jogo viciado. Portanto, ou está à altura, ou sai de cena. Armas iguais, meu caro !
João Pedro
Quer que eu desfie as minhas referências quando você nem sequer é consistente com as suas :-) ? Se alguém anda a viciar o jogo, não sou eu, é quem se esconde por detrás da capa do anonimato, o que lhe permite afirmar o que seja...
Concordará que citar Marx, que disse: 'A abolição da religião enquanto felicidade ilusória dos homens é a exigência da sua felicidade real' e a 'Santa Rússia', o Reino dos Céus, em mensagens consecutivas, não faz lá muito sentido... Esse seu comunismo é assaz heterodoxo :-) ...
Muito naturalmente, o anti-comunismo só define aquilo que se rejeita, não o que se toma como bom. Também há anti-fascistas de Esquerda e de Direita e não concordam em tudo. Qual é a novidade? Onde é que está o espanto?
Mas, se se der ao trabalho de procurar neste blogue onde comento há anos e onde tenciono continuar a comentar, enquanto o Carlos Esperança disser que sou bem vindo (você não tem seguramente voto na matéria para me mandar calar), verá quais são as minhas referências e verá que sempre fui consistente e transparente em relação a elas.
Eu e o Carlos Esperança, muito embora de gerações diferentes, temos as mesmas referências e a mesma repulsa em relação a todos os regimes de Partido Único.
Não estamos sempre de acordo, ele é ateu, eu sou agnóstico e reconheço alguma utilidade e tenho algum respeito pelas religiões (ele menos, muito embora respeite os crentes como pessoas que são), mas concordamos no essencial.
Defendemos uma Democracia Multipartidária com eleições livres e justas, a Laicidade do Estado (não há cá Santa Rússia nem o Ateísmo como doutrina do Estado), um Estado Social Robusto, o Estado de Direito, a Autonomia do Indivíduo, a União Europeia e a virtude republicana da Impoluta Honradez.
Se quiser uma pessoa que me marcou, naturalmente, antes de todos, Mário Soares... Pela visão e sobretudo pela coragem, incluindo a física.
E Willy Brandt, Helmut Schmidt e Olof Palme, no plano internacional, por exemplo...
E se quer ler um discurso que me inspira, pois olhe, procure o discurso que o Burgomestre de Berlim, Ernst Reuter, social-democrata, anti-fascista e antigo comunista, fez em frente ao Reichstag em 1948, por altura do bloqueio soviético a Berlim Ocidental e da Ponte Aérea...
Aqui em Alemão, Inglês ou Francês: https://www.berlin.de/berlin-im-ueberblick/geschichte/artikel.453082.php
O extracto mais famoso é porventura este. A tradução é minha, não é literal e não é talvez a mais eloquente, mas paciência :-) :
'Povos do mundo! Povos da América, Inglaterra, França e Itália. Olhem para esta cidade e reconheçam que não a devem abandonar e não a podem abandonar! Só há uma possibilidade para todos: mantermo-nos unidos até que esta batalha esteja ganha, até que a vitória sobre o inimigo, até que a vitória sobre o poder das trevas, seja uma certeza!'
Nada mau! Tão actual contra todos os totalitarismos como há mais de 70 anos...
Julgo que é mais do que suficiente como referências...
E se não quer continuar esta conversa, encantado da vida, somos dois, já o disse acima...