Rodrigo Guedes de Carvalho e o confinamento
Pior do que o medo é a falta de discernimento que começa a afetar os profissionais dos vários ofícios, sem exceções, e os crentes das mais desvairadas fés, com as atividades desportivas e religiosas exoneradas do quotidiano, por razões sanitárias.
A lapidação dos políticos é um desporto criado na ditadura. Salazar não era político, os ministros diziam no discurso de posse que não o eram, o senhor Presidente do Conselho mandava e eles só obedeciam, a política é uma atividade suja, não te metas em políticas, não dá bom resultado, quem te avisa teu amigo é. Que o digam as vítimas do fascismo!
Há defeitos da ditadura que se agravam com o desamor à democracia. Os jornalistas e os políticos estão na primeira linha dos alvos a abater, julgados mais pelas lentes das nossas convicções do que pelo mérito próprio.
Quando, há dias, um jornalista que, na minha opinião e de acordo com os meus valores, se pautava pela moderação e civilidade para com os entrevistados, foi indelicado para a ministra da Saúde, não estranhei. Limitei-me a ver encómios dos meus amigos do PSD e a censura dos que não esqueceram o consulado de Cavaco, Passos Coelho e Portas.
Não fazia ideia de me pronunciar sobre a conduta de Rodrigo Guedes de Carvalho na entrevista à ministra Marta Temido. Já toda a gente o tinha feito e não fora a falta de autocrítica que ontem revelou ao assumi-la como boa e a responder a uma leitora que o criticava que faria tudo para que ela tivesse a liberdade de o criticar.
Ora, o jornalista não está no mesmo patamar do leitor ou ouvinte, está num campo onde a objetividade e a decência são exigências da função. Não se espera dele a opinião, só a informação.
Disse acima que não estranhei a entrevista de RGC porque, ao contrário da generalidade dos comentadores, também não gostei da forma como entrevistou António Costa cujo agradecimento à isenção da SIC me pareceu mais uma bofetada de luva branca do que o sincero reconhecimento pela própria entrevista.
E não estranhei ainda porque, uns dias antes, liguei a SIC quando RGC terminava uma citação: “disse a Marta Temido”. Deduzi, pelo nome, que se referia à ministra da Saúde.
Se antipatiza com a ministra, não devia manifestá-lo. A indelicadeza foi flagrante. Não é preciso ser jornalista para perceber que a forma correta seria dizer «a ministra»,
quando muito, “Marta Temido” e nunca «‘a’ Marta Temido».
O artigo definido a preceder o nome de um governante ou de uma personalidade revela falta de profissionalismo ou de educação, ou de ambas. Um jornalista nunca deve dizer “o” Jerónimo de Sousa, “o” Rui Rio, “a” Maria Cavaco, “a” Assunção Cristas, “a” Isabel Jonet, “a” Leonor Beleza, “o” Marcelo ou “o” Portas.
Há, pois, um desequilíbrio emocional de RGC que deve corrigir, sob pena de delapidar o capital de prestígio que amealhou.
A lapidação dos políticos é um desporto criado na ditadura. Salazar não era político, os ministros diziam no discurso de posse que não o eram, o senhor Presidente do Conselho mandava e eles só obedeciam, a política é uma atividade suja, não te metas em políticas, não dá bom resultado, quem te avisa teu amigo é. Que o digam as vítimas do fascismo!
Há defeitos da ditadura que se agravam com o desamor à democracia. Os jornalistas e os políticos estão na primeira linha dos alvos a abater, julgados mais pelas lentes das nossas convicções do que pelo mérito próprio.
Quando, há dias, um jornalista que, na minha opinião e de acordo com os meus valores, se pautava pela moderação e civilidade para com os entrevistados, foi indelicado para a ministra da Saúde, não estranhei. Limitei-me a ver encómios dos meus amigos do PSD e a censura dos que não esqueceram o consulado de Cavaco, Passos Coelho e Portas.
Não fazia ideia de me pronunciar sobre a conduta de Rodrigo Guedes de Carvalho na entrevista à ministra Marta Temido. Já toda a gente o tinha feito e não fora a falta de autocrítica que ontem revelou ao assumi-la como boa e a responder a uma leitora que o criticava que faria tudo para que ela tivesse a liberdade de o criticar.
Ora, o jornalista não está no mesmo patamar do leitor ou ouvinte, está num campo onde a objetividade e a decência são exigências da função. Não se espera dele a opinião, só a informação.
Disse acima que não estranhei a entrevista de RGC porque, ao contrário da generalidade dos comentadores, também não gostei da forma como entrevistou António Costa cujo agradecimento à isenção da SIC me pareceu mais uma bofetada de luva branca do que o sincero reconhecimento pela própria entrevista.
E não estranhei ainda porque, uns dias antes, liguei a SIC quando RGC terminava uma citação: “disse a Marta Temido”. Deduzi, pelo nome, que se referia à ministra da Saúde.
Se antipatiza com a ministra, não devia manifestá-lo. A indelicadeza foi flagrante. Não é preciso ser jornalista para perceber que a forma correta seria dizer «a ministra»,
quando muito, “Marta Temido” e nunca «‘a’ Marta Temido».
O artigo definido a preceder o nome de um governante ou de uma personalidade revela falta de profissionalismo ou de educação, ou de ambas. Um jornalista nunca deve dizer “o” Jerónimo de Sousa, “o” Rui Rio, “a” Maria Cavaco, “a” Assunção Cristas, “a” Isabel Jonet, “a” Leonor Beleza, “o” Marcelo ou “o” Portas.
Há, pois, um desequilíbrio emocional de RGC que deve corrigir, sob pena de delapidar o capital de prestígio que amealhou.
Comentários
Devo dizer que passei a ver, além da RTP, sobretudo a RTP-2, os canais generalistas só depois do período de confinamento. Agora estou mais atento às entrevistas de quem depende a nossa vida coletiva, mas reconheço que nos últimos anos tenho sido um esporádico telespetador. Talvez por isso tenha formado opiniões pouco consistentes.