França aprova lei ‘contra os muçulmanos’_2
Quando há dois dias (21-2-2011) publiquei o texto com o título em epígrafe, um leitor muçulmano português comentou rapidamente na minha página do FB: «A Macrotte laicarde anda a pedi-las».
Recordo-me dos insultos e ameaças que recebi na minha
participação no Diário Ateísta e da diferença de umas e outras por muçulmanos e
cristãos. Quanto aos insultos, facto a que fui indiferente, eram semelhantes,
mas, quanto às ameaças, diferiam de forma muito significativa. Os cristãos
limitavam-se a atemorizar com o Inferno e os castigos divinos para as minhas
heresias, os muçulmanos faziam apelos para que alguém pusesse termo à minha existência,
o que deveras me incomodava, se fosse tentado.
Este facto revela diferenças substanciais no comportamento
de cristãos e muçulmanos, tendo os dois monoteísmos a mesma génese. Aliás, nem
sempre foram os últimos os mais cruéis. Basta ler «As Cruzadas Vistas pelos
Árabes», de Amin Maalouf, para ver que, em épocas recuadas, a maior violência não
esteve sempre do mesmo lado.
Recordando-me do magistério moral de Alexandre Herculano
procurarei observar estes dois monoteísmos, de forma breve e superficial, só nos
dias de hoje, sem “uma história que não ponha à luz do presente o que se deve
ver à luz do passado”.
Enquanto o cristianismo sofreu a evolução no Renascimento, Iluminismo
e Revolução Francesa, o Islão ficou preso ao que um beduíno analfabeto ouviu do
Arcanjo Gabriel, durante vinte anos, em Meca e Medina, uma cópia grosseira de
judaísmo e cristianismo misturados.
Averróis e Avicena, muçulmanos, respetivamente dos séculos
XI e XII, não existiriam hoje perante a imutabilidade do pensamento das tribos
nómadas da Idade do Bronze.
É verdade que as generalizações são perigosas, que a escassa
minoria de muçulmanos terroristas não representa todos os crentes, mas o pensamento
religioso produz ações e são os mais devotos os que decapitam, lapidam hereges
e odeiam os Direitos Humanos.
Quem esquece a alegria que percorreu as ruas islâmicas
quando as Torres gémeas Nova Yorque foram derrubadas? Quem já viu uma crítica
ao alcorão ou uma dúvida sobre a bondade dos ensinamentos do Profeta de um muçulmano?
Enquanto o atual Papa é um humanista e um homem civilizado,
o líder supremo do Irão, aiatola Ali Khamenei, proíbe a importação de vacinas contra
a covid-19 e o aiatola Abbas Tabrizian manda afastar os crentes de quem se vacinou, porque a vacina provoca a homossexualidade e é contagiosa. Resta dizer que a
homossexualidade é crime punido com a morte na lei islâmica.
Não me peçam para ser complacente para a crença que não
admite a separação do poder temporal do religioso, que perpetua a moral da
Idade do Bronze e determina o comportamento dos crentes em todos os aspetos
da sua vida.
Fui várias vezes convidado por professores de EMRC para sessões
de escolas, abertas a alunos, pais e professores, como se pode ver no exemplo daligação que encontrei na NET. Afirmei sempre que considero inaceitável que um
Estado laico pague professores nomeados e exonerados livremente pelos
bispos das dioceses, e que a religião, seja ela qual for, seja promovida nas escolas públicas.
Nem por isso deixei de ser convidado, nem a Agência Ecclesia, da Igreja católica, de me acolher textos e referir eventos onde participei.
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