A Liberdade passou ontem pela sua casa, a Assembleia da República
Ontem a Liberdade passou por S. Bento no esplendor do pluralismo democrático, no afã da luta partidária, no discurso do PR, imaculado na forma e exemplar no conteúdo, na confirmação eloquente de que há direita democrática.
A Liberdade esteve presente com os capitães de Abril da
A25A, com todos os partidos a utilizarem a cerimónia para a luta partidária,
quiçá esquecidos do que devem a Abril, mais interessados nas eleições que hão
de vir do que no combate ao regime que o MFA derrubou há 47 anos.
O melhor discurso foi o do PR, mas todos foram convincentes
na diversidade que passa pela representação parlamentar do espetro ideológico
do povo português.
Até na ausência deliberada de um salazarista que ali estaria
por direito próprio se sentiu o odor da Liberdade e a consagração de Abril.
Dos comunistas aos fascistas todos disseram ao que foram na
casa da Liberdade, todos disseram como eram, mesmo os que odeiam a democracia,
execram o pluralismo ou têm saudades da ditadura.
Houve quem levasse um cravo branco, metáfora do partido de
marca branca, em vias de extinção, símbolo do partido que se afastou do ideário
democrático dos seus fundadores, nostálgico de um salazarismo serôdio, a
hesitar entre a democracia e a ditadura.
Houve quem exibisse um cravo negro de quem representa hoje o
luto e a nostalgia pela ditadura fascista. Estava ali, no ódio, a diferença e a
superioridade moral da democracia que concede aos inimigos o direito à
existência, na condescendência com a demagogia e na aceitação do espetáculo circense
que deleita os média e corrói a democracia.
Urge fazer de cada dia que vier a denúncia do regime que
Abril derrubou e a defesa da democracia.
Comentários
Para países felizes, temos o Nepal e a Coreia do Norte.
Na verdade, em regimes como o nosso o povo não é soberano, a Lei é que é soberana, porque a soberania nunca é exercida pelo povo no seu conjunto, mas sim pela maioria de turno. E essa maioria está submetida ela própria à Lei, que a obriga ao respeito pelas minorias.
E cabe lembrar que não falamos de meras abstrações e sim de um regime que com todas as suas imperfeições, nos doou um serviço nacional de saúde de qualidade, uma população escolarizada, uma taxa de mortalidade infantil que nos coloca entre os países mais avançados do mundo, uma comunidade científica capaz...
E isso não negando que a estrutura produtiva continua deficiente, que os salários são baixos e que a formação dos trabalhadores ainda deixa a desejar. E, claro, que as elites políticas e económicas, sobretudo estas últimas, são de fraca qualidade.
As utopias coletivistas do sec. XX faliram todas, ou transformaram-se em regimes capitalistas oligárquicos, enquanto a nossa democracia viceja. Viva o 25 de Abril!
Obrigado pelos excelentes comentários.