Essa não é a minha esquerda
Um social-democrata dificilmente poderá considerar quaisquer
verdades como absolutas e, como definitivas, quaisquer formas de organização do
poder. Terá sempre tendência a aceitar todas as opções políticas como imprescindíveis
à democracia representativa que defende, sem vacilar na defesa do seu ideário.
Uma coisa é formular uma antítese para cada tese, método
dialético para novas sínteses, único método capaz de procurar outros paradigmas;
outra, bem diferente, é abdicar dos valores que nos estruturaram o pensamento e
definem o carácter.
O antiamericanismo primário, a preferência pelos PRs mais
reacionários, a animosidade a presidentes eleitos pelo Partido Democrático e a benevolência
relativa à conduta dos Republicanos não acolhem o meu apoio, independentemente
de críticas que uns e outros mereçam como líderes da ainda mais poderosa potência
mundial e de injustas agressões belicistas a outros países.
Nunca esquecerei o contributo americano e o sangue derramado
pelos seus soldados na libertação do nazi/fascismo, na Europa, e o Plano Marshall,
com ou sem a propaganda política implícita. Talvez por isso, fico desolado
quando sou confrontado com ataques persecutórios e excessivos a presidentes
democratas, por pessoas de esquerda.
Há, em alguma esquerda europeia, uma estranha predileção por George H. W. Bush em relação a Bill Clinton, por George W. Bush contra Obama e, pasme-se, de Trump sobre Joe Biden, quando foi do Partido Democrata que os EUA elegeram os maiores estadistas a nível global, Franklin D. Roosevelt e Jimmy Carter.
Independentemente de poder ser crítico da política externa
norte-americana, não me revejo numa esquerda que parece escolher o quanto pior,
melhor.
Essa não é a minha esquerda, a mesma que silencia as restrições à liberdade que a China está a impor em Hong Kong e Macau, à revelia dos tratados que assinou, e à ameaça que exerce, com manobras militares nas proximidades, sobre a autonomia de Taiwan.
Ponte Europa / Sorumbático
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