Notas Soltas – maio/2021
1.º de Maio – Por mais que a sociedade de consumo se aproprie da festa e a esvazie de conteúdo, a data será sempre a da festa dos trabalhadores, no simbolismo da luta pelos seus direitos e na lembrança dos mártires que os reivindicaram. Mesmo em pandemia.
Bin Laden – Há 10 anos, com o assassinato do
terrorista, a Al-Qaeda e o Daesh foram feridos, não de morte, e os seus
herdeiros prometem continuar a jihad. A violência gera violência, não
surpreenderão os ataques terroristas e, muito menos, a retaliação.
Vasco Gonçalves – Não me revendo no seu modelo
político, esquecer o centenário do homem impoluto que chefiou 4 governos
provisórios e foi dos mais destacados militares de Abril, é ofensa à memória de
quem foi vilipendiado em vida e rasurado da História.
Madrid – A vitória retumbante da direita nas eleições
autárquica, fez de Isabel Diaz a estrela do PP e a rival do seu presidente. É
pena dever a dimensão da vitória à recusa de restrições face à covid-19, pelo
cansaço da população com as medidas sanitárias.
Odemira – A rede de negreiros e traficantes que importam
pessoas, por elevados preços nas passagens e ínfimos no vencimento, numa
exploração indigna, foi posta a nu pela pandemia, assim como um empreendimento
turístico falido em zona de reserva agrícola.
Joe Biden – Ao apoiar o levantamento das patentes das
vacinas, seguido pelo Papa, deu o exemplo à UE sobre a decisão que os Estados
devem tomar na guerra contra um vírus, inimigo global. O medo de matar a
inovação e os interesses privados mataram a decisão.
Vaticano – Embora a excomunhão não passe de arma
simbólica, a disposição do Papa para excomungar as Máfias, tantas vezes
protegidas, é um avanço no combate ao crime e uma saudável pressão sobre os
católicos que as integram.
Futebol – A comemoração da vitória do campeonato levou
às ruas de Lisboa o pior da paixão clubista e da indisciplina cívica. O desafio
às regras sanitárias, certamente com a presença de críticos da festa do Avante
e da celebração do 25 de Abril, foi lastimável.
Palestina – O reconhecimento pelo Papa Francisco, ato
de coragem sem precedentes, é mais um contributo para a visibilidade da luta de
um povo a quem Israel nega o direito a manter o território que a comunidade
internacional lhe reconhece.
Médio Oriente – A escalada no conflito entre
israelitas e palestinos, com o Hamas a disparar rockets e Israel a responder
com ataques aéreos, aumenta a tensão numa zona sensível do Globo com enorme dor,
risco de conflito global e benefício de extremistas.
Brasil – A conduta de Bolsonaro, abrutalhado e imbecil,
estorva a sua reeleição. Lula da Silva tem nova oportunidade para ser
reconduzido à presidência da República. Seria deplorável que outro juiz venal,
como Sergio Moro, ou um golpe militar, o impedissem.
Praça Alta – Um jornal local é insubstituível elo de
ligação de todos os que prezam as origens. A deposição habitual de cravos
vermelhos no Monumento ao 25 de Abril, para celebrar a data, mereceu a foto dos
autarcas, ritual que perpetua o espírito democrático que o atual presidente da
AM, António Baptista Ribeiro, imprimiu na edilidade.
Santana Lopes – A candidatura do menino-guerreiro
é um caso de narcisismo de quem está politicamente morto e ninguém tem a
coragem de o advertir. Ao propor-se contra o PSD, de que foi presidente, carente
de protagonismo, revela falta de senso e de ética.
União Europeia – A presidência portuguesa esteve bem
e conseguiu colocar na agenda política europeia os direitos sociais. Urge cumprir
o “compromisso social” e fazer jus ao mérito de António Costa que vale mais no
Conselho Europeu do que o valor relativo de Portugal.
Turquia – Erdogan censurou, como a generalidade dos
países, a violação dos direitos humanos dos palestinianos, por Israel, mas
ouvir semelhante crítica ao ditador, genocida dos curdos, não ajuda a causa da
Palestina e compromete as teocracias árabes.
Aquecimento global – O maior iceberg do mundo
desprendeu-se da plataforma de gelo no noroeste da Antártida, enquanto os
negacionistas se esforçam por negar as evidências científicas. Nas próximas
décadas, muitas ilhas e regiões costeiras ficarão submersas.
Migrações – A entrada de mais de oito mil migrantes
no enclave espanhol no Norte de África, com a abertura da fronteira marroquina
de Ceuta, foi a retaliação da monarquia islâmica contra o governo espanhol, a
preocupar a UE e a alimentar a extrema-direita.
Bloco de Esquerda – A XII Convenção reforçou a
liderança de Catarina Martins, cujos ataques ao PS são o elo de ligação de tendências
inconciliáveis, ex-PSR, UDP e Política XXI, e comprometeu o futuro de governos
de esquerda em Portugal.
Moçambique – A tragédia que a jihad islâmica levou a Cabo Delgado é fortalecida por oligarcas da Frelimo, que capturam as enormes riquezas minerais da província sem que a população, extremamente pobre, beneficie delas.
Espanha – O anúncio do exílio definitivo em Abu Dhabi
de Juan Carlos, fundador da dinastia que o ditador Francisco Franco impôs a
Espanha, é o corolário de uma vida que começou na Falange, continuou na
corrupção, caça e adultério, e termina na desonra.
Chega – Promovido pelos média e enganos de Rui Rio,
realizou o seu III Congresso em Coimbra, dias depois de uma pedagógica sentença
judicial ter transformado o herói dos salazaristas em delinquente, mas a lepra
fascista continua a corroer a democracia.
PR – A sua irreprimível tendência para o comentário
político, que lhe alimenta o ego e a popularidade, é um fator de perturbação
política especialmente danoso para o Governo e para o PSD. Parece evidente o
desejo de colocar no PSD alguém da sua confiança.
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