União Europeia (UE) – O dia da Europa
Quem tem memória da ditadura e do atraso do Portugal salazarista não esquece o que deve à UE que hoje celebrou auspiciosamente a data durante a cimeira portuguesa, com o discurso notável de António Costa a abrir, na qualidade de Presidente da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, a Conferência sobre o Futuro da Europa, com Ursula von der Leyen e o Presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli.
Após a parceria estratégica com a Índia, de enorme
relevância, e da colocação do pilar social no centro das políticas europeias,
seria injusto ignorar o mérito português para o futuro comum da Europa.
A UE é um projeto singular, nascido no rescaldo da última
Guerra Mundial, após 60 ou 70 milhões de mortes, o maior desastre de origem
humana de toda a História. O Dia da Europa, instituído em 1985, celebra a
proposta do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros francês Robert Schuman,
que, a 9 de maio de 1950, cinco anos depois do fim da II Guerra Mundial propôs
a criação de uma Comunidade do Carvão e do Aço Europeia, precursora da União
Europeia.
A convicção de que a UE é um espaço civilizacional de que
nos devemos orgulhar, fator de paz e de progresso, oásis democrático onde a
justiça social e a laicidade dos Estados devem ser aprofundadas, tornou-me um
europeísta militante, grato pela notável postura deste espaço civilizacional
onde o aprofundamento da integração económica, social e política, agora
relançado, é vital para a sobrevivência coletiva.
Quando renascem movimentos neofascistas na Europa, esquecida
do Renascimento, do Iluminismo, da Revolução Francesa e das raízes
greco-romanas que lhe moldaram o carácter e a colocaram na vanguarda da
civilização, devemos celebrar os princípios humanistas, democráticos e
fraternos que estiveram na sua origem e ainda subsistem.
Não podemos culpar a UE de ser hoje um espaço conservador e
neoliberal, com sinais ainda piores no horizonte. A culpa é dos eleitores dos
países que a integram e cujo voto se respeita pelo melhor que nos resta, a
liberdade de expressão, num mundo que parece abdicar dela e da civilização.
Na mitologia, Zeus, pai dos deuses, raptou-a para a amar e
fecundar. Hoje é dever dos europeus defendê-la dos nacionalismos e amá-la com a
paixão de Zeus.
A Europa somos nós. Viva a União Europeia e o seu aprofundamento.
- O Rapto da Europa - Rubens
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