Rui Moreira, a política e a verdade
A competência para julgar as gravíssimas acusações do Ministério Público cabe apenas ao Tribunal e não cometerei para Rui Moreira a injustiça de o considerar culpado sem antes o condenar uma sentença transitada em julgado.
Sempre me revoltaram os julgamentos populares, o linchamento
de inocentes na opinião pública e os ataques soezes a políticos, mesmo aos que
escondem a ideologia sob a capa de independentes, como é o caso deste
monárquico conservador e aristocrata.
O que não cometo é a ignomínia do mais pequeno conselheiro
de Estado e dizer, como ele, que a juíza de instrução, que aceitou
integralmente as acusações do MP, é “uma perigosa juíza à solta”. Deixo a infâmia
para Marques Mendes numa outra acusação.
A desconfiança que me merece Rui Moreira, quando ameaça
recandidatar-se à Câmara do Porto, não é da sua alegada inocência, é a
politização para que quer arrastar a justiça e insistir que nada há de novo no
processo que o envolve, sendo completamente falsa a última afirmação.
O que há de novo, e que o bom senso o mandaria afastar da
política para se defender em Tribunal, é ter visto integralmente aceites pela
juíza de instrução as acusações do MP e, em consequência, ter sido, pela
primeira vez, pronunciado.
Isto são factos novos e que justificam o nervosismo com que fez
a primeira declaração pública logo após o despacho de pronúncia onde o gabinete
municipal parecia estar no epicentro de um sismo.
Não é com ataques grosseiros a Rui Rio, a quem deveu a primeira eleição autárquica, que muda uma realidade que a lei e a jurisprudência valorizam.
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