Texto de Onofre Varela - Vice-presidente da AAP

 Nós e os nossos Enigmas

Como surgiu o tempo? O que havia antes dele? 

Como surgiu a vida? O que define e molda as tão diversas formas de vida? Somos o resultado de acasos químicos e físicos em processos encadeados, ou fomos criados intencionalmente por um deus? 

O que é um acaso? O que é um deus? 

Se fomos criados por um deus “à sua imagem e semelhança” (como afirmam os religiosos bíblicos), então Deus é um ser humano?! 

Se há um deus criador, de onde, e como, surgiu ele? Criou-se a si próprio ou também foi criado? Se foi criado… quem e como o criouHavia outro deus antes de Deus para o poder criar?!... E se Deus é incriado (como também afirmam os mesmos religiosos), como se explica a sua existência? Deus existe real e materialmente, ou é apenas uma ideia abstracta? Se é um ser real com características de criador e interventor, que processos usou para criar tudo a partir do nada? Sendo Deus “a causa primeira”, que matéria prima foi usada no seu surgimento quando ainda não havia matéria prima? 

Há vida depois da morte? Se sim… então a morte não existe?!... E se a morte não existe, por que morremos? 

Estamos sós no Universo? Há mais mundos habitados? Alguma vez fomos visitados por seres extraterrestres? Se sim, de onde vêm? Influenciaram a nossa evolução? Serão os responsáveis pelo fenómeno luminoso de Fátima em 1917 e pela visão, também luminosa, de Paulo de Tarso na estrada de Damasco há 2020 anos? Os extraterrestres são gente pacífica, ou guerreira? Serão gente?…

Estas são algumas das perguntas que nos afligem (a quem aflige… não a todos, mas apenas a quem se propõe pensar nelas)Para todas temos respostas, sendo umas concretas e definidas, e outras apenas esboçadas. Respostas que primeiramente nos foram fornecidas pela Religião, depois pela Filosofia e muito mais tarde pela Ciência. 

O nosso sentimento religioso foi o responsável pelas primeiras tentativas de resposta aos enigmas que nos inundaram o raciocínio logo que o Ser Humano teve consciência de si. As nossas mentes inquietas não conseguiam descodificar os fenómenos naturais que observávamos, pois o nosso cérebro era um banco de dados ainda sem dados em número e qualidade suficientes para que nos permitisse um uso frutuoso… mas já era aquela máquina maravilhosa de produzir ideias abstractas… e por aí chegamos aos deuses… e à Arte! 

Para que os enigmas sejam compreendidos e desvendados, é preciso que exista intelecto e ferramentas suficientes para isso. Um enigma só deixa de sê-lo depois de questionado. É esta a primeira atitude para se conseguir sua compreensão e consequente anulação. Os cientistas não são mais do que isso: questionadores.

Eu só posso ler uma partitura se souber música. Se eu desconhecer o que é uma pauta e não for capaz de identificar uma semínima, uma breve e uma colcheia, nem um compasso ou uma pausa… se eu não tiver aprendido solfejo… uma partitura é mistério indecifrável. 

Perante qualquer enigma que se nos apresente, devemos ter sempre em conta esta verdade fatal: os enigmas são como os truques dos ilusionistas; só serão enigmas enquanto não forem desvendados. Depois de explicado o truque, o enigma esfuma-se. 

A mente humana está cheia de truques (de conceitos) que usamos para nossa conveniência e consolo. 

Assim é o conceito de Deus.

(O autor escreve sem obedecer ao último Acordo Ortográfico) 

OV

Comentários

Monteiro disse…
Deus é uma imagem fantástica de um ser sobrenatural, todo poderoso a quem se atribui a criação e a direção do mundo.
Nos tempo primitivos o conceito de Deus não existia, existia sim o Totemismo, o Feiticismo, o Animismo e a evolução da teologia apresenta Deus sob a forma de ideia absoluta e como princípio racional impessoal, cuja ideia persiste nos nossos tempos.
Uma coisa completamente diferente é a religião. A religião é uma forma de consciência social que remete para uma unidade comportamental em torno de obrigações e rituais de culto transformando-se numa variedade de opressão espiritual que muito condiciona as massas populares cuja vida já é de si condicionada pela miséria e pelo seu estado de ignorância e isolamento.
Com a melhoria das condições sociais essas ideias são cada vez mais afastadas e a humanidade acabará por se libertar desses pesadelos que muitos malefícios nos têm trazido por estarem sempre ao serviço da exploração e das desigualdades.
Até agora, segundo Marx, os homens formaram sempre ideias falsas sobre si
mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser. Organizaram as suas
relações mútuas em função das representações de Deus que aceitavam. Esses produtos do seu cérebro acabaram sempre por os dominar e condicionar quando não mesmo matar nas fogueiras da Inquisição.

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