A câmara de Coimbra entrou no ramo dos veículos usados
O atual autarca de Coimbra, presença permanente nos jornais locais, iniciou o mandato com o pseudónimo partidário “Nós, Coimbra”, mas sob o emblema do PSD, de que foi militante, e contra o qual, rejeitado, tinha concorrido nas anteriores eleições autárquicas.
Roma não pagava a traidores, mas o PSD atrai-os. Assim, o líder
dos sócios que restam na agremiação “Nós, Coimbra”, começou o mandato de
presidente da Câmara a mudar o nome da capela do Convento S. Francisco para
capela D. Afonso Henriques, e a gritar contra o Governo PS na esperança de que
o PSD pudesse ganhar as eleições legislativas.
Por demagogia, o novo edil procedeu ao ruinoso negócio de
vender em hasta pública, por 41.800 €, o Audi A 8, da anterior vereação, cujo
custo tinha sido, em 2018, de 83 mil euros. Obteve metade do preço da compra e
ficou sem a viatura que transportaria condignamente, além dos autarcas, personalidades
nacionais e estrangeiras que visitam a Câmara de Coimbra.
A notícia encheu duas colunas do DC (pág.2), de 2 de
fevereiro, onde se afirmava que a verba ia ser canalizada para a compra de dois
autocarros da frota dos SMTUC, como se houvesse autocarros a 21.400 euros. O péssimo
negócio do luxuoso Audi foi o início da autarquia no ramo dos carros usados,
para propaganda à modéstia do edil. A relevância conferida pelo jornal foi o
frete que a publicidade institucional justifica.
Depois desse ato de populismo os munícipes nem deram conta
do enorme aumento que sofreu a fatura da água, nem das decisões erráticas do
novo edil, quiçá, boas e originais, sem serem originais as boas nem boas as originais,
e quase sempre surpreendentes.
Tendo como número 2 outro Prof. Dr., nomeou para o SMASC novo
Prof. Dr., dando a impressão de que a Câmara passou a sucursal da Universidade.
E foi a demissão da Dr.ª Celeste Amaro de diretora do convento de S. Francisco
que causou perplexidade, não por tê-la nomeado, é esposa do Dr. Álvaro Amaro, mas
por demiti-la seis dias depois.
Agora foi de novo o SMTUC, alegado beneficiário da venda do
Audi, que veio causar danos à imagem já debilitada do atual executivo e
confirmar que o negócio de veículos usados está para continuar. O Audi foi a
estreia no ramo, sob a égide do presidente.
Segundo o Diário de Coimbra, que entusiasticamente defende o
executivo camarário e, sobretudo, o presidente, os SMTUC compraram oito
autocarros usados aos Transportes do Barreiro. A vereadora que prometera só
comprar autocarros usados com número limitado de quilómetros percorridos,
afirmação registada em ata, defende agora que «os referidos autocarros estão “em
excelentes condições” e o negócio com a empresa do Barreiro foi igualmente
“excelente”» [D. C. de 17 ct., pág. 5), apesar de o presidente da União de
Freguesias de Souselas e Botão, Rui Soares, ter referido a compra de três
autocarros Mercedes e cinco de marca Volvo, estes ‘com cerca de 600 mil
quilómetros’.
Quando se sabe que os SMTUC têm 40 autocarros parados, 15
dos quais com “motores rebentados”, é legítimo temer que, a curto prazo, o
número de autocarros parados, com os oito ora comprados, passe a quatro dúzias.
Surpreendeu ver o presidente da Câmara de Coimbra a vender um
Audi para comprar autocarros sem fazer ideia do custo destes e ver agora os
SMTUC a imitá-lo no negócio dos usados, e a passar a cliente, com a compra de
oito vetustos autocarros.
Ponte Europa / Sorumbático
Decididamente, o atual autarca de Coimbra não tem futuro no
ramo de carros usados.
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