Reflexões à volta do PSD e da política portuguesa
Há 1 ano o partido fascista, agora com 12 ruidosos deputados, escolheu a data de 28 de maio para o início da reunião tribal do seu 3.º Congresso, que prolongou até ao dia 30, sem surpresa para quem conheceu os horrores da ditadura e sabe do que são capazes os seus herdeiros declarados. A data foi, aliás, vista como provocação.
Surpreendente foi a escolha do mesmo dia pelo PSD para a
eleição direta do seu líder, o que pode ser relevado pela iliteracia do partido
que suprimiu do calendário os feriados de 1 de Dezembro e 5 de Outubro, dias
identitários do país que somos e do regime que temos, onde só faltou o 25 de
Abril.
Não se esperava de Cavaco e Passos Coelho, um por rancor
antidemocrático, ambos por iliteracia, algum discernimento, mas surpreendeu o
silêncio coletivo do partido perante o despautério.
Ontem, dia 28, foi escolhido novo líder do PSD. Foi um facto
demasiado relevante para a política portuguesa e para o maior partido da
oposição. Não merecia a obsessiva presença do PR nos noticiários a dizer banalidades
e a ofuscar o novo líder do seu partido. O pudor republicano, se o tivesse, ter-lhe-ia
recomendado um dia sem recados e com recato mediática.
Luís Montenegro é agora o líder do PSD com a dupla obrigação
de não deixar que o PR lidere a oposição e impedir a hemorragia eleitoral para
o partido neoliberal extremista e para o próprio partido fascista de onde
precisa de recuperar eleitores, e não de continuar a assistir à decadência do
seu.
No rescaldo da aprovação do Orçamento de Estado saiu afetado
o mediatismo devido à eleição, mas o facto mais grave foi a abstenção dos
deputados da Madeira que usaram a AR para dizerem que não são deputados
nacionais, mas marionetes do sátrapa de turno da Madeira. A indisciplina de
voto do Orçamento de Estado é a atitude mais grave que um deputado pode cometer
contra o seu partido, de que automaticamente se exclui. Não se trata de questão
de consciência, trata-se de arruaça e falta de sentido ético, político e
cívico. A abstenção a substituir o voto contra o OE foi um gesto de perfídia e
traição partidária.
Seria um bom começo para o novo líder, cuja margem eleitoral
lhe assegura confortável poder de decisão, expulsar do partido os insurretos
insulares. O OE não admite que haja deputados venais, incapazes de respeitar a
disciplina de voto na votação mais reveladora da unidade do partido e da
confiança que merecem os seus deputados.
Com o PR a ocupar o espaço da oposição e deputados
marginais, ausente da AR, não é fácil que Luís Montenegro dure dois mandatos e
uma legislatura, mas é da coragem que manifestar no início do mandato que
depende o seu futuro político.
Vem aí o Congresso para mostrar o que vale. E o país precisa
do PSD.
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