A guerra e a permanente angústia
O meu prazer da escrita é diretamente proporcional ao que adivinho nos que me leem, e gostam, e à crispação dos que se amofinam.
Procuro escrever sem prevaricações ortográficas ou
derrapagem na sintaxe, por amor à língua que me une aos leitores, pelo respeito
que devo à memória da minha excelsa mãe e professora, por amor-próprio e porque
um bom argumento se desperdiça numa escrita medíocre.
Apraz-me transmitir o que penso e refletir sobre o que
pensam os outros. Não abdico de dizer o que sinto, penso e desejo, da partilha
de ideias, do diálogo, razão por que prefiro manter vivo este mural a escrever
um livro para morrer numa estante sem ser lido.
As ameaças recentes de ampliação da guerra, esquecidos os
combates contra a fome, as alterações climáticas e as pandemias, tragédias que
pairam sobre a Humanidade, levam-me a alertar os que me leem, quando largas camadas
da população já estão entorpecidas pela repetição de tantos alarmes e sustos
que nos inquietam.
1 – O bombardeamento à central nuclear de Zaporijjia é odiosa
e as consequências não coibiram os criminosos de o realizarem. A exigência pungente
de Guterres para parar os ataques suicidas é ignorada. É urgente o controlo da Agência
Internacional de Energia Atómica (AIEA) para evitar a tragédia na maior central
nuclear europeia, quando a propaganda e a contrapropaganda se comprazem com
acusações recíprocas em Kiev e Moscovo.
2 – É aterradora e inadmissível a simulação de ataques
chineses a Taipé após a perigosa e inoportuna visita da Sr.ª Nancy Pelosi. É mais
um detonador que ameaça ser acionado.
A legitimidade, sempre reclamada de dois lados, é um detalhe
quando está em causa a sobrevivência da Humanidade. Só uma opinião pública
mundial fortemente motivada para a paz, capaz de resistir à propaganda e
ferocidade das grandes potências, lhes pode fazer frente.
A intoxicação da propaganda e o receio da violência com que opiniões
divergentes são tratadas pelo quase unanimismo belicista, impedem um movimento
mundial a favor da paz, o sobressalto coerente e generalizado que intimide os
senhores da guerra.
A paz é urgente e só a guerra é criminosa.
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