LIBERDADES FUNDAMENTAIS
As liberdades de acção e de expressão do pensamento, são as que, numa sociedade moderna, democrática e esclarecida, toda a gente tem. São as ferramentas fundamentais para a construção de qualquer cidadão depois de satisfeito o primeiríssimo nível das reivindicações: refeições diárias, agasalho e abrigo (conseguidas pelo trabalho que nos realiza como pessoas, o qual deve ser facultado e nunca negado. Por isso também reivindico um sistema político e económico de cariz verdadeiramente socialista). As segundas ferramentas com o mesmo nível de importância são a obrigatoriedade de conhecer a História e saber observar Arte.
Só depois será um cidadão completo.
Todos nós fomos produzidos pela nossa História e pelas nossas próprias circunstâncias sociais e culturais, que são as verdadeiras responsáveis por sermos tal como somos e não de outro modo. Destas causas não podemos fugir. Devemos compreendê-las e aceitá-las, defendê-las quando merecem defesa, ou libertar-mo-nos das suas amarras se considerarmos ser caso disso e entendermos dever fazê-lo. Porém, a defesa da nossa História tem regras… não deve ser esgrimida como Cruzada, enaltecendo-a no desrespeito pela História do outro. Todos nós temos as nossas próprias histórias pessoais, familiares e comunitárias, que merecem o respeito de todos. Este princípio de sã convivência, tão básico e tão simples, ainda não é totalmente atendido porque a natureza que nos formata é conflituosa e bélica, não nos permitindo considerá-lo na total medida em que deve ser considerado, o que nos conduz para situações de mal-entendidos e, no extremo, para a guerra desejavelmente evitável.
Toda esta conversa introdutória para vos dizer que o meu Ateísmo tem a sua razão de ser e assenta nestes três factores:
1 – A estória de Deus não me convence. Como fantasia é bonita; e como boia psicológica é eficaz para o crente. Mas como realidade, na exacta medida em que é afirmada pelas crenças, essa figura de Deus é de existência real impossível. A Biologia, a Química e a Física não a permitem;
2 – Através da História, o conceito da(s) divindade(s) e a fé nela(s) depositada, sempre foi ferramenta usada pelos poderosos na exploração dos mais fracos, oprimindo-os;
3 – A fé religiosa como característica racional do Ser Humano, tem o seu lado positivo, pode dispor bem e alimentar esperanças… mas em demasia é como o vinho: embebeda!
Obviamente que, enquanto ateu, as minhas ideias sobre Religião são diferentes das de um religioso (La Palisse não diria melhor). Não enfeito o meu discurso para o tornar agradável aos crentes, porque não é! Também não visto o fato-macaco de coveiro para pegar numa pá e enterrar a fé em Deus aqui e agora. Nada disso!… Nos meus artigos apenas faço uso da crítica que o meu raciocínio me confere perante observações, conversas e leituras que me conduziram às reflexões que aqui registo. É a expressão da minha ideia no respeito pela ideia dos meus semelhantes.
Não quero, nem devo, contornar sensibilidades melindrosas… quem as tem, das duas uma: ou não me lê por discordar comigo… ou lê-me na convicção de que se a razão não “mora” comigo, poderá, eventualmente, também não “morar” consigo!… Mas para chegar a esta segunda conclusão, o leitor já tem de possuir um nível de raciocínio com muito mais qualidade (por isso não abandona a leitura) do que aquela que faz um religioso seguidista (quer numa fé religiosa, quer numa fé partidária) impossibilitado de se interrogar. Esta impossibilidade é, muito frequentemente, semeada no seu cérebro em criança ou jovem tenrinho, por uma fé que usa balizamentos opressores do raciocínio de quem lhe cai dentro.
(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)
Onofre Varela
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