Augusto Pinochet – Cinquentenário de um crime monstruoso

Há 50 anos, um sombrio general, Augusto Pinochet, derrubou o Presidente do Chile, Salvador Allende, eleito democraticamente, e iniciou a longa e sinistra ditadura que permanece como paradigma da crueldade, do arbítrio e da barbárie.

Em homenagem a muitos milhares de desaparecidos, torturados, presos e assassinados, não podemos esquecer a data e o algoz que perdeu na última semana de 2005 o recurso no Supremo Tribunal e enfrentou várias acusações na sequência do desaparecimento de 119 membros de um grupo da oposição durante o seu regime.

De 1973 a 1990, entre o golpe que derrubou o Governo legal e o seu afastamento do poder, Pinochet foi responsável pela morte e desaparecimento de mais de 3.000 pessoas.

Depois da descoberta de contas secretas nos EUA, com vultuosas quantias obtidas de forma fraudulenta, num valor superior a 24 milhões de euros, o velho déspota conheceu o opróbrio e a prisão. Nem o apoio empenhado de João Paulo II e Margaret Thatcher lhe valeu.

Iam longe os tempos em que afirmava que no Chile nem uma folha se mexia sem o seu conhecimento.

Quando João Paulo II visitou o Chile considerou o pio general e a Esposa como um casal católico modelo. Apenas lhe notou a devoção, não lhe perscrutou a crueldade.

A polícia secreta do general Pinochet liderou uma rede de espionagem, dentro e fora do Chile, que cruzava informações com o Vaticano, o FBI e ditaduras da América Latina. Foi essa polícia e as Forças Armadas que permitiram ao ditador, sob repressão feroz, impor ao Chile as receitas económicas de Milton Friedemann.


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