António Barreto e o neoliberalismo (texto revisto e adaptado)

O homem que fingia ser de esquerda, para melhor defender a direita, é hoje o intelectual orgânico do neoliberalismo radical. Ignora-se se é por solicitação da Fundação Jerónimo Martins, por iniciativa própria, por coincidência de pontos de vista com o partido que representa o neoliberalismo mais radical (IL) ou por tudo isso.

No conforto suíço, com meios de subsistência para prosseguir os estudos e sem risco de mobilização para a guerra colonial, viajou no comboio do PCP de onde saiu para a sua esquerda, por não ser o PCP suficiente revolucionário.

Regressado a Portugal depois do 25 de Abril, o revolucionário convertido celebrizou- se na comissão liquidatária da reforma agrária sob pseudónimo de ministro da Agricultura.

Depois, por falta de apoio para singrar no PS, tornou-se Reformador útil, para levar a direita ao poder. Regressaria ao PS para perfazer o tempo suficiente na AR e ter direito ao subsídio vitalício, que então era concedido os deputados, antes de se assumir como o que sempre foi, conservador e reacionário, mantendo apenas o não fascista.

Foi com fartas provas na direita que viu esboroar-se a carreira política para altos voos. Sem apoios ou sem merecer confiança para candidato a PR ou, sequer, a edil do Porto, passou a pregador do neoliberalismo com guarida nas televisões e, nos últimos tempos, com prédica semanal no jornal Público.

As suas homilias, sob o título «Grande Angular, são brutais no ataque político a partidos à esquerda do PSD e na defesa do neoliberalismo. Atingiu o auge da decadência ética na homilia “Grande Angular – O regime está a mudar”, publicada no último sábado. Foi a tentativa de branquear a conduta trauliteira do PR e de justificar um golpe político para alterar a natureza parlamentar do regime para presidencial, ao arrepio da CRP.

O crítico dos partidos artífices da CRP, passou a adversário da social-democracia e de toda a esquerda. O assalariado de um merceeiro holandês estará este fim de semana a receber o óbolo do execrável artigo na Feira do Livro de Belém, em debate com Helena Matos, moderado por Pedro Mexia, com o tema… “No meio está a virtude?”, debate anunciado pelo próprio PR com quem tem afinidades de carácter e de ideologia.

Sendo melhor fotógrafo do que pensador, faz pena ver o antigo expatriado na Suíça em promíscuo contubérnio com a pior direita, só excluída a fascista.

Quem não sabe viver de pé, acaba de rastos.

 

Comentários

egr disse…
Um trio de " grande diversidade ideológica " abençoado pelo Senhor Presidente ; quanto a António Barreto , além do retrato que faz dele , quando o ouço , ou me disponho a ler o que escreve , fico sempre com sensação que o homem considera que o país não o merece !

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