Carlos Moedas, o almocreve de Marcelo, e o 25 de novembro de 1975

Ao aproximar-se o cinquentenário do 25 de Abril, sem o Ministério Público ter ainda vibrado o golpe que derrubou o Governo e embalou a direita e extrema-direita, já Carlos Moedas tinha um plano, certamente congeminado em Belém, para reescrever a História.

Não tendo a data redonda do cinquentenário, usou a dos 48 anos, duração da ditadura fascista a que o 25 de Abril pôs termo, para reunir à volta do 25 de novembro os convertidos e os que nunca se renderam à democracia.

Podia ter escolhido o 28 de setembro ou o 11 de março, deu-lhe para o 25 de novembro. Como é demasiado novo e tem da ética a mesma ideia rudimentar do seu mentor, não se deteve nos factos e inventou outros para unir a direita e a extrema-direita.

Do que havia de lembrar-se o almocreve de Marcelo! Comemorar a data de onde saíram vitoriosos os militares do Grupo dos 9 e em que a sua gente foi derrotada!

Ao contrário de Moedas eu vivi o 25 de Abril, as peripécias da democracia e os golpes contra ela. E tenho memória! Sei como Melo Antunes, representando o Grupo dos 9 advertiu os que queriam expulsar os comunistas até ao mar.

Moedas foi o grande êxito de Marcelo. Seguiu o conselho de Ricardo Salgado, “ativem o Moedas”, e foi assim que o homem do Banco Goldman Sachs e comissário europeu de Passos Coelho chegou a edil de Lisboa aos ombros do PSD, ACP (Automóvel Clube de Portugal) e PR.

E foi na Câmara de Lisboa que a dupla Marcelo/Moedas investiu contra a República no dia emblemático da sua comemoração e não mais pararam na deriva reacionária com que pretendem contrariar o 25 de Abril.

Para azar de ambos, na ausência de tradições democráticas, até o panfleto de Moedas sobre o 25 de novembro é uma falsificação, com a imagem de um comício do PS, um comício alheio à data. Nesse dia vigorou o estado de sítio.

Para azar de Marcelo e Moedas estão vivos os mais importantes vencedores do 25 de novembro e nenhum estará nas comemorações ao arrepio da Assembleia Municipal de Lisboa que as repudiou. Não é Lisboa que comemora o 25 de novembro, é Moedas.

Ramalho Eanes, Vasco Lourenço, Pezarat Correia, Franco Charais e Sousa e Castro, militares de Abril e vencedores do 25 de novembro não lhe farão companhia e, para o azar ser completo, nem Marcelo, em retiro profundo, se atreve a aparecer para a foto.

Não é Lisboa cuja Assembleia Municipal o recusou que comemora o 25 de novembro, é Moedas que procura substituir a primavera da liberdade, o 25 de Abril pelo outono da democracia que julga estar ao seu alcance.

Viva o 25 de Abril!


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